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de Investigadores em leitura - Universidade do Minho

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(oposição informação nova/ informação dada) 5<br />

. Outras características gramaticais que se<br />

distanciam claramente das <strong>do</strong> Português (ausência <strong>de</strong> concordância entre os vários<br />

el<strong>em</strong>entos <strong>do</strong> SN, ausência <strong>de</strong> artigos, ausência <strong>de</strong> marcas <strong>de</strong> flexão nominal <strong>em</strong> género e<br />

número, ausência <strong>de</strong> marcas <strong>de</strong> flexão verbal <strong>em</strong> mo<strong>do</strong> e t<strong>em</strong>po, ausência <strong>de</strong> concordância<br />

Sujeito-Verbo, entre outros) contribu<strong>em</strong> certamente para o nível <strong>de</strong> <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho revela<strong>do</strong><br />

pelo falante nativo <strong>de</strong> Mandarim.<br />

Já no que diz respeito à falante nativa <strong>de</strong> Bengali, o facto <strong>de</strong> esta língua apresentar<br />

características gramaticais muito distintas <strong>do</strong> Português, como uma morfologia flexional<br />

forte, com uma or<strong>de</strong>m típica Sujeito-Objecto-Verbo e o uso <strong>de</strong> pós-posições, com o<br />

<strong>de</strong>terminante a seguir-se ao nome, enquanto os adjectivos, quantifica<strong>do</strong>res e possessivos<br />

prece<strong>de</strong>m o nome, po<strong>de</strong>rá igualmente justificar as dificulda<strong>de</strong>s manifestadas.<br />

Contrastivamente, o número <strong>de</strong> respostas correctas apresentadas pelo informante <strong>do</strong><br />

3.º ano <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong> cuja língua materna é o Russo po<strong>de</strong>rá ser (pelo menos,<br />

parcialmente) explica<strong>do</strong> pelo facto <strong>de</strong> esta língua apresentar, face ao Português, um<br />

conjunto <strong>de</strong> traços que po<strong>de</strong>mos consi<strong>de</strong>rar tipologicamente s<strong>em</strong>elhantes: língua com traços<br />

fortes ao nível da flexão verbal e nominal, concordância Sujeito-Verbo e uma or<strong>de</strong>m <strong>de</strong><br />

palavras canónica SVO, ainda que admitin<strong>do</strong> outras or<strong>de</strong>ns.<br />

No que respeita aos restantes informantes PL2, o Crioulo da Guiné-Bissau constitui a<br />

sua língua materna. Curiosamente, o nível <strong>de</strong> acerto da maior parte <strong>de</strong>stes informantes não<br />

difere substancialmente <strong>do</strong> nível obti<strong>do</strong> pelos informantes <strong>do</strong> grupo <strong>de</strong> controlo, os quais têm<br />

como língua materna o Português. Nestes casos, verifica-se claramente (nomeadamente ao<br />

nível da própria <strong>leitura</strong> oralizada das frases apresentadas) que no uso da norma <strong>do</strong><br />

Português Europeu, a sintaxe e morfologia nominal (concordância Nome-Adjectivo;<br />

Determinante-Nome ou ainda a flexão nominal <strong>em</strong> número) constitu<strong>em</strong> áreas probl<strong>em</strong>áticas<br />

para os alunos guineenses. Tais dificulda<strong>de</strong>s manifestadas por estes falantes PL2 revelam,<br />

a nosso ver, a influência <strong>de</strong> uma outra língua (o crioulo da Guiné), o que, aten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> ao facto<br />

<strong>de</strong> ser este um crioulo <strong>de</strong> base portuguesa, po<strong>de</strong>rá justificar o <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho <strong>em</strong> termos <strong>do</strong>s<br />

resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s.<br />

No que diz respeito a uma <strong>leitura</strong> vertical <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s acima <strong>de</strong>scritos (aten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> aos<br />

diferentes informantes e, mais especificamente, às variáveis envolvidas – ano <strong>de</strong><br />

escolarida<strong>de</strong> e língua materna) e da<strong>do</strong> o reduzi<strong>do</strong> número <strong>de</strong> informantes testa<strong>do</strong>s e o facto<br />

<strong>de</strong> termos <strong>em</strong> presença línguas maternas tipologicamente muito variadas, não nos parece<br />

lícito extrapolar qualquer tipo <strong>de</strong> análise mais específica, para além da tendência geral que<br />

se parece <strong>de</strong>senhar.<br />

5<br />

Cf. <strong>de</strong>scrição das características gramaticais <strong>do</strong> Mandarim no 2.º CD-ROM Diversida<strong>de</strong> Linguística na Escola<br />

Portuguesa, elabora<strong>do</strong> pelo ILTEC.<br />

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