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de Investigadores em leitura - Universidade do Minho

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o real e, para ficarmos conscientes <strong>do</strong>s objectivos <strong>de</strong> representação <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> real<br />

ou ficcional, necessitamos muitas vezes que esses objectivos sejam i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>s<br />

através da asserção verbal. O texto é assim, frequent<strong>em</strong>ente, apesar da sua<br />

dimensão arbitrária, aquele que é capaz <strong>de</strong> <strong>de</strong>svendar os objectivos <strong>de</strong><br />

representação da imag<strong>em</strong> e a relação dialéctica entre as duas instâncias textuais é<br />

aquela que é capaz <strong>de</strong> <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ar as operações retóricas mais significativas.<br />

Compreen<strong>de</strong>r, por isso, um texto bimodal implica s<strong>em</strong>pre compreen<strong>de</strong>r a sua<br />

dimensão retórica.<br />

A investigação sobre o processamento visual na <strong>leitura</strong> <strong>de</strong>ixou a nu uma<br />

série <strong>de</strong> particularida<strong>de</strong>s e sab<strong>em</strong>os hoje que a forma como os olhos se organizam<br />

para obter informação <strong>de</strong> um texto visual verbal e <strong>de</strong> um texto visual pictural é<br />

profundamente diferente.<br />

Por um la<strong>do</strong>, na <strong>leitura</strong> <strong>de</strong> textos verbais é evi<strong>de</strong>nte que a linha <strong>de</strong> texto é um<br />

el<strong>em</strong>ento estrutura<strong>do</strong>r da percepção e que os olhos distribu<strong>em</strong> os seus <strong>do</strong>is<br />

movimentos fundamentais (fixações e sacadas) ao longo <strong>de</strong>ssa mesma linha,<br />

fazen<strong>do</strong> várias fixações <strong>de</strong> duração média s<strong>em</strong>elhante (250 milissegun<strong>do</strong>s) e<br />

sacadas relativamente regulares intercaladas; quan<strong>do</strong> a linha se interrompe, no<br />

limite direito da página, ocorr<strong>em</strong> longas excursões <strong>do</strong> olho para sensivelmente o<br />

início da linha seguinte.<br />

Esta regularida<strong>de</strong> não acontece nos textos picturais, on<strong>de</strong> o que comanda a<br />

sequência das fixações está longe <strong>de</strong> ser uma orientação horizontal. Nos textos<br />

visuais picturais os olhos faz<strong>em</strong> fixações <strong>em</strong> zonas muito distantes entre si <strong>de</strong>ntro da<br />

área <strong>de</strong> percepção, as sacadas evi<strong>de</strong>nciam uma gran<strong>de</strong> irregularida<strong>de</strong> e, apesar <strong>de</strong><br />

a sua amplitu<strong>de</strong> média rondar os quatro graus, po<strong>de</strong>m ser muito inferiores a um<br />

grau. De facto, observan<strong>do</strong> os scanpaths <strong>do</strong>s textos visuais picturais, tu<strong>do</strong> neles<br />

suscita <strong>em</strong> nós a curiosida<strong>de</strong> <strong>de</strong> perceber o que comanda cada uma das sacadas e<br />

o que <strong>de</strong>termina a duração <strong>de</strong> cada fixação.<br />

Ora, uma vez i<strong>de</strong>ntificadas as diferenças no processamento visual <strong>de</strong> textos<br />

verbais e picturais, não po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> nos interrogar sobre como se efectua o<br />

processamento <strong>de</strong> textos bimodais. Po<strong>de</strong>r<strong>em</strong>os esperar que este processamento<br />

combine as estratégias <strong>do</strong> verbal e <strong>do</strong> visual ou ter<strong>em</strong>os que contar com um<br />

verda<strong>de</strong>iro processamento bimodal?<br />

É <strong>de</strong>s<strong>de</strong> há muito evi<strong>de</strong>nte (cf. Buswell, 1936 e Yarbus, 1967) que olhamos<br />

diferent<strong>em</strong>ente para as imagens quan<strong>do</strong> sobre elas t<strong>em</strong>os instruções <strong>de</strong><br />

processamento, ou seja, quan<strong>do</strong> nos pe<strong>de</strong>m que as olh<strong>em</strong>os à procura <strong>de</strong> qualquer<br />

coisa. Olhamo-las <strong>de</strong> um mo<strong>do</strong> particular e é mais fácil encontrar regularida<strong>de</strong>s no<br />

movimento <strong>do</strong>s olhos <strong>de</strong> diferentes sujeitos quan<strong>do</strong> lhes é dada uma certa instrução.<br />

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