20.04.2013 Views

de Investigadores em leitura - Universidade do Minho

de Investigadores em leitura - Universidade do Minho

de Investigadores em leitura - Universidade do Minho

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

das coisas <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> material ou <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> das i<strong>de</strong>ias. Trata-se, portanto, <strong>de</strong> uma imag<strong>em</strong><br />

representada que evoca, através da referida materialida<strong>de</strong>, a presença <strong>de</strong> algo ausente.<br />

Por conseguinte, para Mitchell, o livro infantil é único como forma <strong>de</strong> comunicação, uma<br />

vez que é capaz <strong>de</strong> conter, por um la<strong>do</strong>, a materialida<strong>de</strong> da ilustração (imag<strong>em</strong> gráfica) e, por<br />

outro la<strong>do</strong>, o texto (imag<strong>em</strong> verbal) <strong>de</strong>sprovi<strong>do</strong> <strong>de</strong>ssa materialida<strong>de</strong>.<br />

É nesta relação <strong>de</strong> <strong>de</strong>pendência/existência <strong>do</strong> texto e da imag<strong>em</strong> que ilustra que Gil<br />

Maia centra algumas das suas reflexões e estu<strong>do</strong>s. Para este autor, a ilustração inventa para<br />

nos fazer confundir a percepção com a interpretação s<strong>em</strong>pre que faz as suas apresentações.<br />

Ela “verte o t<strong>em</strong>po no espaço, isto é, espacializa o t<strong>em</strong>po, (...) confun<strong>de</strong> a percepção e a<br />

interpretação (...) introduz o espanto na <strong>leitura</strong>. Acorda a luz. Acorda com luz (...) a ilustração<br />

lida com o ilegível, aquilo que se oferece e escapa aos senti<strong>do</strong>s” (Maia, 2002, p. 3). .<br />

Nelson Goodman afirma que a alma da representação é a <strong>de</strong>notação. Assim, o aspecto<br />

mimético associa<strong>do</strong> ao espaço figurativo <strong>do</strong> Renascimento, consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> verda<strong>de</strong>iro e natural,<br />

foi substituí<strong>do</strong> pela i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> convencionalida<strong>de</strong> quer <strong>do</strong> texto, quer da imag<strong>em</strong>. E neste<br />

senti<strong>do</strong>, a ilustração <strong>de</strong> livros infantis é completamente convencional, uma vez que, para que<br />

uma criança apreenda a narrativa, é necessário que aprenda os códigos da escrita e da<br />

imag<strong>em</strong>.<br />

No entanto, apesar <strong>de</strong> convencionais, texto e imag<strong>em</strong> apresentam qualida<strong>de</strong>s e<br />

potencialida<strong>de</strong>s diferenciadas. O estu<strong>do</strong> <strong>de</strong>stas características v<strong>em</strong> sublinhar a i<strong>de</strong>ia que<br />

ambos se completam mutuamente e, por isso, <strong>de</strong>v<strong>em</strong>os focar a nossa análise na forma como<br />

ambos interag<strong>em</strong>.<br />

Uma outra autora que aborda a relação das palavras e das imagens e cujas reflexões<br />

são <strong>de</strong> extr<strong>em</strong>a pertinência para este trabalho é Clara Urban. A autora acredita que estão<br />

implicadas interconexões e que o interesse <strong>de</strong>sse estu<strong>do</strong> se centra precisamente no hiato<br />

existente entre as duas formas <strong>de</strong> representação, espaço esse, i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong> <strong>em</strong> mo<strong>de</strong>los<br />

estruturalistas e posteriormente estrutura<strong>do</strong> <strong>em</strong> méto<strong>do</strong>s pós-estruturalistas, a que Derrida<br />

<strong>de</strong>signa <strong>de</strong> Trace (“espaço entre”).<br />

Ao “combinar” as artes, os ilustra<strong>do</strong>res estão a operar no referi<strong>do</strong> Trace, na fenda, estão<br />

a criar num espaço que me<strong>de</strong>ia a palavra e a imag<strong>em</strong>, obrigan<strong>do</strong>-nos a recorrer e a<br />

<strong>de</strong>senvolver formas <strong>de</strong> <strong>de</strong>scodificar as mensagens que elas veiculam.<br />

A pertinência <strong>de</strong>stas questões serviu também projectos <strong>de</strong> vanguarda que, através da<br />

utilização <strong>de</strong> várias técnicas, levaram inúmeros artistas Futuristas e Surrealistas a expor a<br />

referida trace s<strong>em</strong>iótica. São ex<strong>em</strong>plo <strong>do</strong> que acabamos <strong>de</strong> mencionar as palavras <strong>em</strong><br />

liberda<strong>de</strong>, a colag<strong>em</strong>, os caligramas e as palavras escritas nas telas. Neste contexto,<br />

Appollinaire <strong>de</strong>senvolve projectos no âmbito da poesia visual (pictórica) e artistas Futuristas e<br />

Surrealistas exploram o potencial icónico da poesia. A colag<strong>em</strong>, diferent<strong>em</strong>ente utilizada por<br />

Cubistas, Futuristas, Dadaístas e Surrealistas, tornou-se fundamental no território da palavra e<br />

da imag<strong>em</strong>.<br />

365

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!