20.04.2013 Views

de Investigadores em leitura - Universidade do Minho

de Investigadores em leitura - Universidade do Minho

de Investigadores em leitura - Universidade do Minho

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Na fig.2 visualizamos uma página dupla que divi<strong>de</strong> a acção <strong>em</strong> quatro momentos que<br />

apontam para uma sequência da acção. Nos <strong>do</strong>is primeiros momentos, o ilustra<strong>do</strong>r <strong>de</strong>senha<br />

letras e números <strong>de</strong> forma a reforçar a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> <strong>de</strong>scolag<strong>em</strong>, acção essa, <strong>de</strong>nunciada também<br />

pelo aumento <strong>de</strong> fumo à volta <strong>do</strong> foguetão.<br />

Nas cenas apresentadas, o ângulo <strong>de</strong> visão mantém-se fixo e <strong>de</strong>screve uma sequência<br />

que termina quan<strong>do</strong> o foguetão <strong>de</strong>saparece no infinito e que, possivelmente, po<strong>de</strong>ria substituir<br />

a frase “O foguetão <strong>de</strong>scola rumo ao espaço”. No entanto, fica <strong>em</strong> aberto a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

cada leitor po<strong>de</strong>r criar a sua própria interpretação e o próprio texto da história.<br />

Assim, a sua capacida<strong>de</strong> narrativa é utilizada <strong>em</strong> cada cena e, <strong>em</strong> particular, na<br />

sequência das cenas apresentadas. Aqui, a relação estabelecida entre texto e imag<strong>em</strong> é <strong>de</strong><br />

compl<strong>em</strong>entarida<strong>de</strong>, servin<strong>do</strong> para or<strong>de</strong>nar a estrutura narrativa e fechar, <strong>de</strong> certa forma, os<br />

seus possíveis senti<strong>do</strong>s.<br />

No ex<strong>em</strong>plo, a relação texto e imag<strong>em</strong> dá-se a posteriori, após a visualização da<br />

imag<strong>em</strong>, no momento <strong>em</strong> que o leitor cria a sua interpretação da história. Assim, se por um<br />

la<strong>do</strong>, a imag<strong>em</strong> lhe v<strong>em</strong> abrir várias possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> interpretação, por outro la<strong>do</strong>, o texto<br />

fecha-a e <strong>de</strong>limita-a.<br />

No caso <strong>do</strong>s livros <strong>de</strong> imagens, o texto é encara<strong>do</strong> como a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> transposição<br />

da narrativa imagética para a narrativa discursiva, só que não t<strong>em</strong> que ser forçosamente<br />

verbaliza<strong>do</strong>. Este tipo <strong>de</strong> produção exige um trabalho arroja<strong>do</strong> ao nível da criação <strong>de</strong><br />

estratégias gráfico-visuais por parte <strong>do</strong>s <strong>de</strong>signers e ilustra<strong>do</strong>res, no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> fornecer todas<br />

as informações que geralmente são fornecidas pelo texto. Quer se trate <strong>de</strong> uma história já<br />

conhecida, quer se trate <strong>de</strong> uma nova narrativa, é fundamental a exploração da capacida<strong>de</strong><br />

narrativa das imagens através <strong>de</strong> sequências <strong>de</strong> cenas e <strong>de</strong> jogos visuais.<br />

No caso <strong>do</strong>s livros que possu<strong>em</strong> uma relação directa entre texto e imag<strong>em</strong>, existe uma<br />

disposição física <strong>de</strong> texto e imag<strong>em</strong> <strong>em</strong> conjunto e <strong>em</strong> simultâneo. A apreensão <strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong><br />

narrativa por parte <strong>do</strong> receptor <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> das duas narrativas.<br />

Deste mo<strong>do</strong>, na narrativa inter<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte é possível criar subcategorias <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>n<strong>do</strong><br />

<strong>do</strong> tipo <strong>de</strong> relação que o texto estabelece com a imag<strong>em</strong> na disposição gráfica que assume na<br />

página, sen<strong>do</strong> que o seu <strong>de</strong>senvolvimento significativo resi<strong>de</strong> na sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> forçar a<br />

coesão entre as duas formas <strong>de</strong> narrativa.<br />

No caso <strong>de</strong> “A menina Gotinha <strong>de</strong> Água”, ilustrada por Joana Quental <strong>em</strong> 1999 (fig.3),<br />

por ex<strong>em</strong>plo, a personag<strong>em</strong> é representada três vezes nas duas folhas que se expõ<strong>em</strong> ao<br />

nosso campo visual numa sequência t<strong>em</strong>poral e espacial, à s<strong>em</strong>elhança <strong>de</strong> um filme que<br />

v<strong>em</strong>os numa tela <strong>de</strong> cin<strong>em</strong>a. A menina salta <strong>de</strong> pedra <strong>em</strong> pedra e, ora ocupa a parte inferior<br />

da página (on<strong>de</strong> toca as pedras e se impulsiona para cima), ora ocupa a parte superior da<br />

página (<strong>de</strong>stinada à atmosfera, representada pelo branco da página). A zona superior da dupla<br />

página suporta, na sua atmosfera, o texto impresso <strong>em</strong> colunas. S<strong>em</strong>pre que a menina se<br />

369

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!