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de Investigadores em leitura - Universidade do Minho

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“The successes of The Lord of the Rings and Narnia films suggest that there is an<br />

interest in exploring moral dil<strong>em</strong>mas, fulfilling a need (perhaps for tolerance and<br />

un<strong>de</strong>rstanding) in society at large. (McGavock, 2007: 129).<br />

Todavia, apesar <strong>de</strong> a ligação entre literatura e a construção da moralida<strong>de</strong> ser<br />

reconhecida há séculos, esse reconhecimento não inclui os adultos:<br />

“Yet many [philosophers] have failed to extend this to also consi<strong>de</strong>rer the significant<br />

contribution which children’s literature makes to the moral <strong>de</strong>velopment of adults.<br />

For far to long children’s literature has r<strong>em</strong>ained on the periphery <strong>de</strong>spite being<br />

central to our un<strong>de</strong>rstanding of ourselves.(…) Children’s literature therefore fills a<br />

need to explore these ontological dil<strong>em</strong>mas since many works of adult fiction <strong>do</strong> not<br />

provi<strong>de</strong> the scope to <strong>do</strong> this. This goes some way towards explaining their<br />

popularity with adults.” (McGavock, 2007: 141).<br />

O crescente interesse <strong>do</strong>s adultos por estas obras preferencialmente dirigidas aos mais<br />

jovens <strong>de</strong>nota as consequências <strong>do</strong> já menciona<strong>do</strong> vazio ético e coexiste com o<br />

ressurgimento <strong>do</strong> interesse da filosofia pelas questões morais relacionadas com as noções<br />

<strong>de</strong> carácter e virtu<strong>de</strong> ou, na área <strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s literários, com o renascimento <strong>do</strong> interesse<br />

pelas consequências da escrita<br />

Há ainda que consi<strong>de</strong>rar que este po<strong>de</strong> ser um sinal <strong>de</strong> uma aproximação ou comunhão<br />

<strong>de</strong> interesses, já utilizada na <strong>de</strong>fesa da teoria <strong>de</strong> que ‘tu<strong>do</strong> é uma literatura só’. Para a<br />

autora <strong>do</strong> artigo que t<strong>em</strong>os vin<strong>do</strong> a citar, esta aproximação test<strong>em</strong>unha uma diluição <strong>de</strong><br />

fronteiras que tornará obsoleta a constituição <strong>de</strong> um cânone separa<strong>do</strong> para as obras <strong>de</strong><br />

potencial recepção infantil. De qualquer forma, estas obras apontam o caminho <strong>de</strong> uma<br />

reconciliação que assenta também no reconhecimento <strong>de</strong> que a infância não é apenas uma<br />

fase separada e rapidamente ultrapassada da vida; algo nela permanece ao longo da<br />

existência, reaparecen<strong>do</strong> e manifestan<strong>do</strong>-se <strong>em</strong> momentos privilegia<strong>do</strong>s da busca <strong>de</strong><br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, da busca <strong>de</strong> senti<strong>do</strong>, <strong>em</strong> geral – o que nos conduziria à necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

reinventar a oposição convencional entre infância e ida<strong>de</strong> adulta.<br />

Se consi<strong>de</strong>rarmos que a opção por um ponto <strong>de</strong> vista liga<strong>do</strong>, <strong>em</strong>bora artificialmente, ao<br />

universo infantil permite avaliar criticamente o mun<strong>do</strong> <strong>do</strong>s adultos; se a isso juntarmos o<br />

facto <strong>de</strong> que os autores são normalmente adultos, po<strong>de</strong>r<strong>em</strong>os concluir que a literatura para<br />

crianças e jovens, procuran<strong>do</strong> acercar-se <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> da infância e revelan<strong>do</strong>, portanto, a<br />

evolução <strong>do</strong> conceito que <strong>de</strong>la construímos ao longo <strong>do</strong> t<strong>em</strong>po, terá também <strong>de</strong> ser<br />

particularmente revela<strong>do</strong>ra sobre o entendimento <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, os anseios e as necessida<strong>de</strong>s<br />

daqueles que, <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista tradicional, aban<strong>do</strong>naram há muito o ‘país <strong>do</strong> nunca’.<br />

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