20.04.2013 Views

de Investigadores em leitura - Universidade do Minho

de Investigadores em leitura - Universidade do Minho

de Investigadores em leitura - Universidade do Minho

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Buscaba esa estética una <strong>de</strong>finición <strong>de</strong> la obra <strong>de</strong> arte que pudiera equipararse a la<br />

<strong>de</strong>finición lógica, <strong>de</strong>terminar específicamente la particularidad da cada caso señalan<strong>do</strong> el<br />

género próximo y la diferencia específica. En el esfuerzo por conseguir una <strong>de</strong>terminación<br />

<strong>de</strong> este tipo, surgió la teoría <strong>de</strong> la invariabilidad <strong>de</strong> los géneros y <strong>de</strong> las reglas objetivas<br />

rigurosas a que está someti<strong>do</strong> cada uno.” 4<br />

Contrarian<strong>do</strong> esta posição herdada <strong>de</strong> longa data, os irmãos Schlegel, e to<strong>do</strong>s os<br />

restantes teoriza<strong>do</strong>res românticos, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m que o conceito <strong>de</strong> género t<strong>em</strong> <strong>de</strong> ser<br />

equaciona<strong>do</strong> <strong>em</strong> relação a um lugar e, <strong>de</strong> um mo<strong>do</strong> especial, a uma época. Deste mo<strong>do</strong>, o<br />

conceito <strong>em</strong> causa supõe a História – o <strong>de</strong>vir histórico. O senti<strong>do</strong> da historicida<strong>de</strong> impõese<br />

ao Romantismo e condicionará, até à sua mais profunda essência, a teoria <strong>do</strong>s géneros<br />

<strong>de</strong>ste perío<strong>do</strong> literário. A par <strong>de</strong> outras obras, cuja importância é <strong>de</strong>cisiva para a<br />

elaboração da poética romântica, como as <strong>de</strong> Kant, as <strong>do</strong>s irmãos Schlegel, Höl<strong>de</strong>rlin,<br />

Schelling, Novalis e, sobranceiramente, a Estética <strong>de</strong> Hegel, o Essai sur les causes qui<br />

peuvent affecter les esprits et les caractères <strong>de</strong> Montesquieu fundamenta toda a teoria<br />

5<br />

genológica <strong>do</strong> Romantismo.<br />

Voltan<strong>do</strong> à afirmação (que parafraseámos <strong>de</strong> Aguiar e Silva) – “com o Romantismo,<br />

a literatura infantil ganhou um novo estatuto no polissist<strong>em</strong>a literário” –, <strong>de</strong>senvolvo agora<br />

a explicação <strong>do</strong> primeiro grupo <strong>de</strong> razões, atrás evoca<strong>do</strong>, para justificar essa conquista<br />

(refiro-me às razões <strong>de</strong> carácter en<strong>do</strong>ssistémico, recor<strong>de</strong>-se).<br />

O código s<strong>em</strong>ântico-pragmático da literatura romântica, como afirma Aguiar e Silva<br />

na sua “Nótula sobre o conceito <strong>de</strong> Literatura Infantil”, vai privilegiar o sonho, a<br />

transracionalida<strong>de</strong>, a ingenuida<strong>de</strong> (como valor que se opõe à artificialida<strong>de</strong>), os mitos <strong>do</strong><br />

paraíso perdi<strong>do</strong>, b<strong>em</strong> como o da pureza original e o da inocência primordial 6 . A literatura<br />

romântica <strong>em</strong>penha-se numa clara ressurreição <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> feérico, beben<strong>do</strong>, como se <strong>de</strong><br />

um antí<strong>do</strong>to contra o racionalismo iluminista se tratasse, toda a espécie <strong>de</strong> histórias<br />

fantásticas da Ida<strong>de</strong> Média. Jacinto <strong>do</strong> Pra<strong>do</strong> Coelho refere-se a esta recuperação da<br />

Ida<strong>de</strong> Média como a evocação <strong>de</strong> um t<strong>em</strong>po distante, <strong>de</strong> uma “época <strong>de</strong> mais livre<br />

expansão <strong>do</strong>s impulsos, com o prestígio <strong>do</strong> i<strong>de</strong>al cavaleiresco” 7<br />

, associan<strong>do</strong> esta<br />

4<br />

E. Cassirer, cita<strong>do</strong> por GARCÍA BERRIO, Los géneros literarios, sist<strong>em</strong>a e historia, una introducción, 2ª ed.,<br />

Madrid, Catedra, p.117.<br />

5<br />

Basean<strong>do</strong>-se <strong>em</strong> princípios românticos, Mikkäil Bakhtine falará, mais tar<strong>de</strong>, da obra literária como cronótopo.<br />

Isto é, da obra literária como reflexo <strong>do</strong> t<strong>em</strong>po e <strong>do</strong> espaço <strong>em</strong> que o autor vive e <strong>em</strong> que o leitor se posiciona<br />

quan<strong>do</strong> a lê. Ofélia Paiva Monteiro, <strong>de</strong>finin<strong>do</strong> a concepção <strong>de</strong> arte para Garrett, afirma: “Se a arte ‘surpreen<strong>de</strong>’<br />

a natureza, fá-lo s<strong>em</strong>pre através <strong>de</strong> um espírito que não só a consi<strong>de</strong>ra <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a sua óptica particular,<br />

conformada por espaço e t<strong>em</strong>po, mas ainda escolhe e arranja intencionalmente os seus motivos para lograr a<br />

melhor expressão da sua i<strong>de</strong>ia.” (sublinha<strong>do</strong> nosso) MONTEIRO, Ofélia Milheiro Caldas Paiva, A formação <strong>de</strong><br />

Garrett, Experiência e criação, Vol. II, Coimbra, Centros <strong>de</strong> Estu<strong>do</strong>s Românicos, 1971, pp.154-155.<br />

6 Cf. SILVA, “Nótula sobre o conceito <strong>de</strong> Literatura Infantil”, p.13.<br />

7<br />

COELHO, Jacinto <strong>do</strong> Pra<strong>do</strong>, “Romantismo”, in: Dicionário <strong>de</strong> Literatura, [Dir. Jacinto <strong>do</strong> Pra<strong>do</strong> Coelho], Vol.<br />

III, Porto, Mário Figueirinhas Editor, 1997.<br />

228

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!