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de Investigadores em leitura - Universidade do Minho

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A comparação <strong>do</strong> <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho <strong>do</strong> grupo PL2 <strong>em</strong> termos globais relativamente ao<br />

grupo <strong>de</strong> controlo revela que o primeiro grupo alcançou um nível <strong>de</strong> acerto (77,1%) inferior<br />

(<strong>em</strong> 15%) ao obti<strong>do</strong> pelo grupo <strong>de</strong> controlo (com 91,4%), confirman<strong>do</strong> assim uma tendência<br />

que seria expectável.<br />

Quan<strong>do</strong> consi<strong>de</strong>ramos especificamente o <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho <strong>do</strong> grupo PL2, uma análise<br />

mais aproximada revela-nos que um terço das respostas erradas <strong>do</strong> grupo PL2 provém <strong>de</strong><br />

apenas <strong>do</strong>is <strong>do</strong>s informantes (falantes nativos, respectivamente, <strong>de</strong> Russo e Búlgaro),<br />

justamente aqueles que frequentam o 1.º ano <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong>. Para além da constatação<br />

óbvia <strong>de</strong> que o contacto continua<strong>do</strong> com a língua alvo, <strong>de</strong>corrente da frequência pré-escolar<br />

e escolar, resulta num melhor <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho, parece po<strong>de</strong>r ainda <strong>de</strong>duzir-se o efeito positivo<br />

da aprendizag<strong>em</strong> formal da língua, <strong>em</strong> termos <strong>do</strong> conhecimento explícito da mesma,<br />

nomeadamente a partir <strong>do</strong> 3.º ano <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong>.<br />

Com excepção <strong>de</strong>stes <strong>do</strong>is falantes <strong>de</strong> PL2, to<strong>do</strong>s os restantes informantes se<br />

encontram justamente a frequentar o 3.º ano <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong>, pelo que a variável língua<br />

materna po<strong>de</strong>rá justificar as diferenças encontradas, <strong>em</strong> termos <strong>do</strong> <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho <strong>do</strong>s<br />

colegas ainda no início da escolarida<strong>de</strong>, face a estes informantes.<br />

De entre estes, os falantes nativos <strong>de</strong> Mandarim e Bengali obtiveram os piores<br />

resulta<strong>do</strong>s, o que po<strong>de</strong>rá ser explica<strong>do</strong> pelo facto <strong>de</strong> as línguas <strong>em</strong> questão ser<strong>em</strong><br />

tipologicamente muito distintas <strong>do</strong> Português. Nas respostas dadas por estes informantes,<br />

os erros verifica<strong>do</strong>s distribu<strong>em</strong>-se <strong>de</strong> forma bastante homogénea pela quase totalida<strong>de</strong> das<br />

categorias previstas, revelan<strong>do</strong> ainda assim dificulda<strong>de</strong>s mais evi<strong>de</strong>ntes quer ao nível mais<br />

el<strong>em</strong>entar da <strong>de</strong>terminação nominal (no Bengali, tal como, aliás, <strong>em</strong> línguas eslavas como o<br />

Búlgaro, a <strong>de</strong>terminação nominal é morfologicamente marcada através <strong>de</strong> sufixos e não<br />

sintacticamente, como acontece <strong>em</strong> Português), quer a níveis mais exigentes, como o<br />

processamento <strong>de</strong> relações gramaticais envolven<strong>do</strong> a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estabelecer relações<br />

entre os constituintes nucleares <strong>de</strong> frases simples. É <strong>de</strong> salientar que os quatro informantes<br />

até aqui consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s como ten<strong>do</strong> alcança<strong>do</strong> o pior <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho respon<strong>de</strong>ram, <strong>de</strong> forma<br />

sist<strong>em</strong>ática, incorrectamente a to<strong>do</strong>s os itens <strong>de</strong>sta última categoria. As estruturas<br />

seleccionadas foram activas, passivas, clivadas [Foi o João que comeu o bolo] e pseu<strong>do</strong>-<br />

clivadas [O João é que comeu o bolo], testan<strong>do</strong>-se assim a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reconhecer a<br />

função sintáctica (sujeito, compl<strong>em</strong>ento directo e agente da passiva) que os vários<br />

constituintes <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penham, o que não é linear, já que a posição <strong>de</strong>sses el<strong>em</strong>entos na frase<br />

não é constante. Ao carácter sist<strong>em</strong>ático <strong>do</strong> erro nesta categoria não será certamente<br />

estranho o facto <strong>de</strong>, <strong>em</strong> línguas como o Mandarim, por ex<strong>em</strong>plo, a posição <strong>do</strong>s el<strong>em</strong>entos<br />

na frase não estar relacionada com as suas funções sintácticas (sujeito, verbo, objecto),<br />

mas sim com proprieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> natureza discursiva da língua, como a noção <strong>de</strong> tópico<br />

(pessoa ou coisa sobre a qual se faz um comentário) ou a expressão <strong>de</strong> <strong>de</strong>finitu<strong>de</strong><br />

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