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boletim do conselho de contribuintes do estado de minas gerais

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Muito bem. Saímos da Ida<strong>de</strong> Contemporânea, segun<strong>do</strong> Boaventura<br />

Souza Santos, e entramos hoje na Ida<strong>de</strong> Pós-Mo<strong>de</strong>rna. E como se comporta a<br />

verda<strong>de</strong> como fenômeno sócio-jurídico na socieda<strong>de</strong> pós-mo<strong>de</strong>rna?<br />

Uma das características da pós-mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>, segun<strong>do</strong> alguns<br />

autores, é exatamente a característica <strong>do</strong> relativismo, nada na pós mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong><br />

seria certo, seria verda<strong>de</strong>iro. Para que seja certo, para que seja verda<strong>de</strong>iro, não<br />

precisa <strong>de</strong> alguém revelan<strong>do</strong>, não precisa <strong>de</strong> alguém provan<strong>do</strong> e sim precisa <strong>de</strong><br />

pessoas na sua maioria que aceitem aquilo como verda<strong>de</strong>iro, mesmo que<br />

cientificamente possa vir a ser falso.<br />

Se não me falha a memória, o próprio Boaventura Souza Santos fala<br />

que uma das características da pós-mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> é exatamente a <strong>de</strong>sconstrução.<br />

Hoje não sabemos ou não conseguimos enxergar efetivamente o que seria certo<br />

ou o que seria erra<strong>do</strong>.<br />

Eu vou trazer daqui a pouco essas dúvidas para a área <strong>do</strong> direito que<br />

também sofre com o problema da pós-mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>. Ora, se a pós-mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong><br />

tem como uma das suas características o relativismo, o que é o relativismo?<br />

Quan<strong>do</strong> eu falei da verda<strong>de</strong> revelada, nós tínhamos um absolutismo<br />

<strong>de</strong> entendimento que ninguém po<strong>de</strong>ria falar que o Papa, por exemplo, estava<br />

erra<strong>do</strong>. Então, era a verda<strong>de</strong> absoluta. Era aquilo e mais nada.<br />

Quan<strong>do</strong> chegamos à época <strong>do</strong> positivismo, se você não conseguisse<br />

provar cientificamente um <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> fenômeno, esse fenômeno seria falso. Não<br />

seria verda<strong>de</strong>iro, mesmo que as intuições, ou mesmo que a maioria <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma<br />

socieda<strong>de</strong> enten<strong>de</strong>sse que aquilo era verda<strong>de</strong>iro, mas como você não conseguiu<br />

provar cientificamente, aquilo se tornou falso.<br />

E o que é o relativismo para a verda<strong>de</strong> na pós-mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>? É aquilo<br />

que você não consegue explicar, daí a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconstrução da pósmo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>.<br />

O relativismo, ao qual particularmente eu pertenço, no aspecto<br />

filosófico não tenta impor uma verda<strong>de</strong> por <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s critérios. A verda<strong>de</strong> será<br />

a verda<strong>de</strong> consensual, ou melhor dizen<strong>do</strong> para me ater ao tema proposto, a<br />

verda<strong>de</strong> será aquela verda<strong>de</strong> construída na socieda<strong>de</strong>.<br />

Outro dia eu estava ven<strong>do</strong> um comercial <strong>de</strong> uma revista em que o<br />

rapaz ligava para o Ministério da Defesa e o Ministro da Defesa tinha i<strong>do</strong> para o<br />

Ministério da Saú<strong>de</strong> acumular pastas. Ligava pra lá, ele tinha i<strong>do</strong> para um terceiro<br />

ministério acumular mais uma pasta e, quan<strong>do</strong> ligou para o terceiro ministério,<br />

aquele que era Ministro da Saú<strong>de</strong>, Defesa, e não sei o que mais, se tornou lí<strong>de</strong>r<br />

da oposição ao governo.<br />

Parece-me claro, sob esse aspecto, que a gente está tratan<strong>do</strong> da<br />

relativida<strong>de</strong>. Pelo menos essa é a interpretação que eu fiz, que o comercial quis<br />

mostrar a relativida<strong>de</strong> das coisas na atual era que vivemos, no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> que um<br />

ministro que acumulava três pastas no governo, e isto <strong>de</strong>nota uma extrema<br />

confiança <strong>do</strong> Presi<strong>de</strong>nte da República, no dia seguinte ele era lí<strong>de</strong>r da oposição no<br />

Congresso Nacional. Ora, po<strong>de</strong>? Po<strong>de</strong>. Na pós-mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> po<strong>de</strong>. Por que po<strong>de</strong>?<br />

Po<strong>de</strong> porque você não tem uma verda<strong>de</strong> absoluta.<br />

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