13.04.2013 Views

Compêndio de Direito penal Rodrigo Larizzatti - Gravo Papers

Compêndio de Direito penal Rodrigo Larizzatti - Gravo Papers

Compêndio de Direito penal Rodrigo Larizzatti - Gravo Papers

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

COMPÊNDIO DE DIREITO PENAL • <strong>Rodrigo</strong> <strong>Larizzatti</strong><br />

Mas não é só da inimputabilida<strong>de</strong> que <strong>de</strong>corre a ausência do virtual conhecimento<br />

da antijuridicida<strong>de</strong>. Existem outras circunstâncias em que, apesar <strong>de</strong> ser o sujeito absolutamente<br />

imputável, há essa carência.<br />

3.2.1. Erro inevitável sobre a ilicitu<strong>de</strong> do fato<br />

O art. 21, in fine, do CPB 110 trata do <strong>de</strong>nominado erro <strong>de</strong> proibição, em que o agente<br />

não tem, ou não lhe é possível ter, o conhecimento acerca da antijuridicida<strong>de</strong> do fato<br />

que pratica. O sujeito supõe, por erro, que sua conduta está amparada pelo <strong>Direito</strong>. Ele<br />

age com vonta<strong>de</strong> e consciência, portanto dolosamente, mas está isento <strong>de</strong> culpabilida<strong>de</strong><br />

por lhe faltar o conhecimento quanto à ilicitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> seu comportamento. Segundo os<br />

ensinamentos <strong>de</strong> Cezar Roberto Bitencourt, “O agente supõe permitida uma conduta<br />

proibida. Faz um juízo equivocado daquilo que lhe é permitido fazer em socieda<strong>de</strong>”<br />

(BITENCOURT, 2000, p. 93).<br />

O erro <strong>de</strong> proibição é diferente do erro <strong>de</strong> tipo e com ele não po<strong>de</strong> ser confundido,<br />

pois neste há um engano sobre os elementos constitutivos do tipo <strong>penal</strong>, excluindo o<br />

dolo e, por conseguinte, o próprio fato típico. Já o erro <strong>de</strong> proibição não diz respeito à<br />

tipicida<strong>de</strong>, mas à antijuridicida<strong>de</strong> do fato praticado; não há a consciência da ilicitu<strong>de</strong> do<br />

fato; o erro <strong>de</strong> proibição não elimina o dolo da conduta, mas sim a sua reprovabilida<strong>de</strong><br />

e, portanto, sua culpabilida<strong>de</strong>. Conforme Capez:<br />

“No erro <strong>de</strong> tipo, o agente tem uma visão distorcida da realida<strong>de</strong>,<br />

não vislumbrando na situação que se lhe apresenta a existência <strong>de</strong> fatos<br />

<strong>de</strong>scritos no tipo como elementares ou circunstâncias (...) No erro <strong>de</strong><br />

proibição, ao contrário, há uma perfeita noção acerca <strong>de</strong> tudo o que se<br />

está passando. O sujeito conhece toda a situação fática, sem que haja<br />

distorção da realida<strong>de</strong> (...) O erro <strong>de</strong> proibição exclui a consciência da<br />

ilicitu<strong>de</strong>, pois impe<strong>de</strong> o agente <strong>de</strong> saber que faz algo injusto (...)” (CA-<br />

PEZ, 2004, p. 305)<br />

Porém, para que haja essa exclusão da culpabilida<strong>de</strong> o erro sobre a ilicitu<strong>de</strong> do<br />

fato <strong>de</strong>verá apresentar-se como invencível, inevitável, conforme se conclui da leitura do<br />

parágrafo único do art. 21 do CPB 111 .<br />

Desse modo, se o fato se <strong>de</strong>r sob a influência <strong>de</strong> um erro <strong>de</strong> proibição <strong>de</strong> caráter<br />

evitável não haverá a eliminação da culpabilida<strong>de</strong>, mas a lei obriga o juiz a diminuir a<br />

pena <strong>de</strong> um sexto a um terço (art. 21, in fine, do CPB). Trata-se <strong>de</strong> redução obrigatória.<br />

Todavia, não se po<strong>de</strong> tomar o erro <strong>de</strong> proibição como a ignorância da lei. O mesmo<br />

art. 21 do CPB 112 , em sua primeira parte, trata do <strong>de</strong>sconhecimento da lei. No caso, a<br />

lei não mais se refere à sua falsa compreensão, mas sim à sua completa ignorância.<br />

Aqui, o agente não tem um conhecimento equivocado da realida<strong>de</strong> e sim o completo<br />

<strong>de</strong>sconhecimento <strong>de</strong>ssa realida<strong>de</strong>. O sujeito supõe que seu comportamento é lícito não<br />

por incorrer em erro <strong>de</strong> proibição, mas por não saber da existência <strong>de</strong> uma norma <strong>penal</strong><br />

incriminadora que o proíbe.<br />

110 CPB – Art. 21.(...) O erro sobre a ilicitu<strong>de</strong> do fato, se inevitável, isenta <strong>de</strong> pena; se evitável, po<strong>de</strong>rá diminuí-la <strong>de</strong> um sexto a um terço.<br />

111 CPB – Art. 21.(...) Parágrafo único. Consi<strong>de</strong>ra-se evitável o erro se o agente atua ou se omite sem a consciência da ilicitu<strong>de</strong> do<br />

fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou atingir essa consciência.<br />

112 CPB – Art. 21. O <strong>de</strong>sconhecimento da lei é inescusável.<br />

190

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!