13.04.2013 Views

Compêndio de Direito penal Rodrigo Larizzatti - Gravo Papers

Compêndio de Direito penal Rodrigo Larizzatti - Gravo Papers

Compêndio de Direito penal Rodrigo Larizzatti - Gravo Papers

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

COMPÊNDIO DE DIREITO PENAL • <strong>Rodrigo</strong> <strong>Larizzatti</strong><br />

Fala-se também em concausa, como sendo uma segunda causa que, ligada à primeira,<br />

concorre para o resultado. Ela po<strong>de</strong> ser preexistente ou concomitante com a<br />

causa do agente, sendo que nunca excluirão a imputação do crime por não romper a<br />

ca<strong>de</strong>ia causal entre a conduta lesiva e o resultado naturalístico. Assim se manifesta a<br />

jurisprudência: “Ao agente não <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser imputável o resultado ainda quando, para a<br />

produção <strong>de</strong>ste, se tenha aliado à sua ação ou omissão uma concausa, isto é, uma outra<br />

causa preexistente, concomitante ou superveniente” (TJSP – RJTJESP 1/210).<br />

Quanto às condutas omissivas, no mundo natural elas não po<strong>de</strong>m dar causa a um<br />

<strong>de</strong>terminado resultado, pois o nada, nada produz. Não há que se falar, portanto, acerca<br />

da existência <strong>de</strong> nexo causal entre a omissão e o resultado. De acordo com o magistério<br />

<strong>de</strong> Fragoso, “o omitente respon<strong>de</strong> pelo resultado não porque causou o resultado, mas<br />

porque não agiu para impedi-lo, realizando a conduta a que estava obrigado” (FRAGO-<br />

SO, 1980, p. 166).<br />

2.3.1. Causa superveniente<br />

Após a prática da conduta <strong>de</strong>litiva, é possível que ocorra uma segunda circunstância<br />

que <strong>de</strong>termine a eclosão do resultado. Esta segunda causa po<strong>de</strong>rá ser totalmente<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da primeira, impedindo o fluxo do nexo causal entre a conduta (envenenamento)<br />

e o resultado (morte por traumatismo encefálico em <strong>de</strong>corrência <strong>de</strong> um<br />

tropeço e queda), sendo que o autor será responsabilizado apenas pelos fatos ocorridos<br />

até a causa superveniente (tentativa <strong>de</strong> homicídio).<br />

E a causa superveniente po<strong>de</strong>rá ser, ainda, relativamente in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da primeira,<br />

fazendo com que o resultado naturalístico ocorra em circunstâncias <strong>de</strong> tempo e lugar<br />

diversas das que teriam ocorrido se o fluxo causal tivesse prosseguido em sua atuação<br />

normal. A responsabilida<strong>de</strong> <strong>penal</strong> sobre o evento está disposta no § 1º do art. 13 do<br />

CPB 51 .<br />

Quando a causa superveniente, por si só, produzir o resultado, estando fora do <strong>de</strong>sdobramento<br />

natural dos fatos, o agente não será punido pelo resultado lesivo (morte por<br />

queimaduras em incêndio no hospital), mas apenas pelos fatos praticados, até então (lesões<br />

corporais ou tentativa <strong>de</strong> homicídio); no entanto, se a causa superveniente estiver<br />

<strong>de</strong>ntro do <strong>de</strong>sdobramento físico (morte por parada cardíaca em intervenção cirúrgica<br />

motivada pelas lesões), o resultado lesivo (morte) será atribuído ao agente da primeira<br />

causa (o autor das lesões), porque não há o rompimento do nexo causal entre a conduta e<br />

o resultado naturalístico, constituindo a causa superveniente apenas um prolongamento<br />

da ação cometida pelo agente.<br />

O Supremo Tribunal Fe<strong>de</strong>ral já se manifestou sobre o tema:<br />

“Sobrevindo o óbito por infecção em face <strong>de</strong> cirurgia, há relação<br />

<strong>de</strong> causalida<strong>de</strong> entre o resultado (morte da vítima) e a causa (ato <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>sferir facadas), daí <strong>de</strong>correndo que a morte foi provocada pelo comportamento<br />

do agente (art. 13 CP), o que caracteriza homicídio (...)”<br />

(STF – RT 766/538).<br />

51 CPB – Art. 13.(...) § 1º A superveniência <strong>de</strong> causa relativamente in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte exclui a imputação quando, por si só, produziu o<br />

resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou.<br />

80

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!