13.04.2013 Views

Compêndio de Direito penal Rodrigo Larizzatti - Gravo Papers

Compêndio de Direito penal Rodrigo Larizzatti - Gravo Papers

Compêndio de Direito penal Rodrigo Larizzatti - Gravo Papers

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

COMPÊNDIO DE DIREITO PENAL • <strong>Rodrigo</strong> <strong>Larizzatti</strong><br />

Porém, ninguém po<strong>de</strong> furtar-se da aplicação da pena com a simples alegação <strong>de</strong><br />

que não sabia existir uma lei que estabelecia uma punição para a conduta praticada,<br />

afinal, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> promulgada e publicada uma lei, torna-se ela obrigatória em relação a<br />

todos. Todavia, embora a ignorância da lei não implique no afastamento da culpabilida<strong>de</strong>,<br />

ela é uma circunstância atenuante da pena.<br />

A esse respeito:<br />

“A infração <strong>penal</strong>, por ser conduta proibida, implica reprovação<br />

ao agente. Ocorre, pois, culpabilida<strong>de</strong>, no sentido <strong>de</strong> censura ao sujeito<br />

ativo. O erro sobre a ilicitu<strong>de</strong> do fato, se inevitável, exclui a punibilida<strong>de</strong>.<br />

Evi<strong>de</strong>nte, as circunstâncias não acarretam a mencionada censura.<br />

Não se confun<strong>de</strong> com o <strong>de</strong>sconhecimento da lei. Este é irrelevante. A<br />

consciência da ilicitu<strong>de</strong> resulta da apreensão do sentido axiológico das<br />

normas <strong>de</strong> cultura, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente da leitura do texto legal” (STJ<br />

– RHC 4.772-SP-DJU <strong>de</strong> 30.9.96, p. 36.651).<br />

3.2.2. Descriminantes putativas<br />

Segundo Mirabete, ocorre uma <strong>de</strong>scriminante putativa quando “o agente supõe<br />

que está agindo licitamente ao imaginar que se encontram presentes os requisitos <strong>de</strong><br />

uma das causas justificativas previstas em lei” (MIRABETE, 1997, p. 202). É o caso da<br />

legítima <strong>de</strong>fesa putativa e do estado <strong>de</strong> necessida<strong>de</strong> putativo.<br />

Quando ocorre uma <strong>de</strong>scriminante putativa, em regra, o agente também não tem<br />

o conhecimento acerca da antijuridicida<strong>de</strong> do fato que pratica, pois supõe que estejam<br />

presentes os pressupostos fáticos ou jurídicos <strong>de</strong> uma causa exclu<strong>de</strong>nte da ilicitu<strong>de</strong>. É,<br />

juntamente com o erro sobre a ilicitu<strong>de</strong> do fato, uma espécie <strong>de</strong> erro <strong>de</strong> proibição, <strong>de</strong><br />

acordo com o § 1º, do art. 20 do CPB 113 . Cumpre salientar que, com frequência, o erro<br />

<strong>de</strong> proibição é confundido com o erro <strong>de</strong> tipo incriminador, entretanto, suas consequências<br />

jurídicas são absolutamente distintas, como bem ilustra o professor Bitencourt:<br />

“Como é sabido <strong>de</strong> todos, no direito brasileiro, excluir o dolo e<br />

isentar <strong>de</strong> pena não significam a mesma coisa. A expressão ‘isentar<br />

<strong>de</strong> pena’ é concebida, tradicionalmente pela doutrina brasileira, como<br />

referente à culpabilida<strong>de</strong> e não à tipicida<strong>de</strong> ou à ilicitu<strong>de</strong>” (BITEN-<br />

COURT, 2000, p. 102).<br />

No entanto, para que a culpabilida<strong>de</strong> seja afastada por uma <strong>de</strong>scriminante putativa<br />

o erro no qual tenha incorrido o agente <strong>de</strong>ve ser inevitável, invencível, ou seja, que pelas<br />

circunstâncias tenha sido ele levado ao equívoco. Em havendo erro vencível, o sujeito<br />

respon<strong>de</strong>rá pelo crime na modalida<strong>de</strong> culposa, se prevista legalmente.<br />

Consi<strong>de</strong>rando a jurisprudência:<br />

“Para a tipificação <strong>de</strong> legítima <strong>de</strong>fesa putativa não basta uma situação<br />

ofensiva imaginária, exigindo-se um princípio <strong>de</strong> realida<strong>de</strong>. Mister<br />

se torna que atos e fatos se juntem na ocasião do evento, permitindo<br />

a suposição errônea <strong>de</strong>ssa situação, que, se verda<strong>de</strong>ira, permitiria a<br />

reação empreendida” (TACRSP – RT 728/574).<br />

113 CPB – Art. 20.(...) § 1º É isento <strong>de</strong> pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe situação <strong>de</strong> fato que, se<br />

existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção <strong>de</strong> pena quando o erro <strong>de</strong>riva <strong>de</strong> culpa e o fato é punível como crime culposo.<br />

191

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!