13.04.2013 Views

Compêndio de Direito penal Rodrigo Larizzatti - Gravo Papers

Compêndio de Direito penal Rodrigo Larizzatti - Gravo Papers

Compêndio de Direito penal Rodrigo Larizzatti - Gravo Papers

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

COMPÊNDIO DE DIREITO PENAL • <strong>Rodrigo</strong> <strong>Larizzatti</strong><br />

Os elementos normativos do tipo exigem um juízo <strong>de</strong> valor para que se possa afirmar<br />

a presença da tipicida<strong>de</strong>. É o caso das expressões dignida<strong>de</strong> e <strong>de</strong>coro, constantes<br />

no art. 140 do CPB, que trata do crime <strong>de</strong> injúria 52 . Nesse caso, o aplicador da lei <strong>de</strong>verá<br />

analisar se, nas condições pessoais do ofendido, as palavras a ele dirigidas po<strong>de</strong>m ser<br />

tidas como ofensivas à sua honra.<br />

Já os elementos subjetivos do tipo, referem-se à intenção do sujeito ativo quando<br />

pratica o fato incriminado, ao que tinha em sua mente no ato da conduta <strong>de</strong>litiva, como<br />

ocorre com o crime <strong>de</strong> perigo <strong>de</strong> contágio <strong>de</strong> moléstia grave, tipificado no art. 131 do<br />

CPB 53 . Assim, só haverá a tipicida<strong>de</strong> se o agente mover sua conduta com o fim específico<br />

<strong>de</strong> transmitir a moléstia grave <strong>de</strong> que está contaminado.<br />

Enfim, para haver a tipicida<strong>de</strong>, elemento imprescindível do fato típico, a conduta<br />

exteriorizada pelo agente <strong>de</strong>ve encontrar perfeita a<strong>de</strong>quação à <strong>de</strong>scrição contida na<br />

norma <strong>penal</strong> incriminadora, caso contrário o fato será atípico.<br />

A atipicida<strong>de</strong> po<strong>de</strong>rá ser absoluta, quando o caso concreto não se amolda a nenhum<br />

tipo <strong>penal</strong>, ou relativa, quando não ocorre o encaixe em uma norma, mas isso<br />

se dá em outra. Na primeira hipótese haverá total ausência <strong>de</strong> crime, enquanto que na<br />

segunda haverá tão somente uma rea<strong>de</strong>quação típica.<br />

2.4.1. Princípio da Insignificância<br />

No <strong>Direito</strong> Penal Mo<strong>de</strong>rno a tipicida<strong>de</strong> é excluída pelo princípio da insignificância,<br />

que trata dos crimes <strong>de</strong> bagatela, configurados nos danos <strong>de</strong> pouca monta e importância,<br />

irrelevantes para a or<strong>de</strong>m <strong>penal</strong> e social. Ocorre mínima perturbação social, que<br />

traz à baila o preceito minimus non curat praetor, segundo o qual o juiz não <strong>de</strong>ve cuidar<br />

<strong>de</strong> coisas insignificantes. Resta excluído o tipo e, portanto o crime.<br />

Consi<strong>de</strong>rando a jurisprudência dominante:<br />

“O reconhecimento do crime <strong>de</strong> bagatela exige, em cada caso,<br />

análise aprofundada do <strong>de</strong>svalor da culpabilida<strong>de</strong>, do <strong>de</strong>svalor da conduta<br />

e do <strong>de</strong>svalor do dano, para apurar-se, em concreto, a irrelevância<br />

<strong>penal</strong> <strong>de</strong> cada fato” (TACRSP – RJDTACRIM 24/101).<br />

“À luz do princípio da insignificância, que opera como exclu<strong>de</strong>nte<br />

da tipicida<strong>de</strong> no <strong>Direito</strong> Penal, alguns fatos po<strong>de</strong>m guardar-se da censura<br />

da Lei (pois não é bom exemplo ocupar-se o varão grave com ninharias:<br />

<strong>de</strong> minimus non curat praetor, recitavam os romanos). A pedra<br />

<strong>de</strong> toque <strong>de</strong>sses a que a Doutrina chama <strong>de</strong>litos <strong>de</strong> bagatela é a pequena<br />

lesão ao patrimônio da vítima, o ínfimo valor do bem. Não cai sob esse<br />

número, pois, a infração <strong>penal</strong> <strong>de</strong> vulto nem a ofensa a objeto jurídico<br />

<strong>de</strong> gran<strong>de</strong> monta e estimação” (TACRSP – RJDTACRIM 37/136).<br />

Todavia, há quem veja a aplicação <strong>de</strong>ste princípio com reservas, pois <strong>de</strong>sta forma o<br />

Estado po<strong>de</strong>ria estar estimulando pequenas infrações, por vezes intoleráveis por levarem<br />

o agente ao cometimento <strong>de</strong> ilícitos maiores, efetivamente reprováveis.<br />

52 CPB – Art. 140. Injuriar alguém, ofen<strong>de</strong>ndo-lhe a dignida<strong>de</strong> ou o <strong>de</strong>coro. Pena – <strong>de</strong>tenção, <strong>de</strong> 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa.<br />

53 CPB – Art. 131. Praticar, com o fim <strong>de</strong> transmitir a outrem moléstia grave <strong>de</strong> que está contaminado, ato capaz <strong>de</strong> produzir o<br />

contágio: Pena – reclusão, <strong>de</strong> 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.<br />

82

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!