13.04.2013 Views

Compêndio de Direito penal Rodrigo Larizzatti - Gravo Papers

Compêndio de Direito penal Rodrigo Larizzatti - Gravo Papers

Compêndio de Direito penal Rodrigo Larizzatti - Gravo Papers

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

COMPÊNDIO DE DIREITO PENAL • <strong>Rodrigo</strong> <strong>Larizzatti</strong><br />

Como bem ilustra Romeu <strong>de</strong> Almeida Salles Jr.:<br />

“A conduta culposa só enseja punição quando se vincula a um resultado<br />

<strong>de</strong> dano a bem jurídico protegido. Se o agente mantém conduta<br />

informada pela culpa em sentido estrito e nada ocorre em termos <strong>de</strong><br />

lesão a bem jurídico, não haverá lugar a configuração <strong>de</strong> crime, salvo<br />

se essa conduta, por si só, já é prevista como fato punível” (SALLES<br />

JR., 1991, p. 44).<br />

5.1.4. Previsibilida<strong>de</strong><br />

Também elemento constitutivo do crime culposo, a previsibilida<strong>de</strong> nada mais é do<br />

que a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conhecimento da ocorrência do resultado danoso, a possibilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> prever o evento lesivo. Segundo Damásio: “A previsibilida<strong>de</strong> é a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ser<br />

antevisto o resultado, nas condições em que o sujeito se encontrava” (JESUS, 1983, p. 283).<br />

A previsibilida<strong>de</strong> aqui tratada é a <strong>de</strong> índole objetiva, ou seja, a que um homem<br />

razoável, com conhecimentos comuns a todos pu<strong>de</strong>sse exprimir. Se o resultado estiver<br />

fora <strong>de</strong>ssa previsibilida<strong>de</strong> objetiva não haverá culpa imputável ao autor do fato. Além da<br />

previsibilida<strong>de</strong> objetiva, para que a conduta seja punível é necessária a falta <strong>de</strong> previsão<br />

subjetiva, ou seja, a falta <strong>de</strong> antevisão por parte do sujeito ativo, caso contrário, se o<br />

agente tiver previsto o resultado e mesmo assim continuou executando a ação lesiva,<br />

terá agido ele com dolo eventual, assumindo o risco <strong>de</strong> produzi-lo.<br />

No último exemplo citado, o resultado lesivo (lesões corporais causadas pelo atropelamento)<br />

é facilmente previsível por parte do homem padrão, afinal, ao se avançar um<br />

sinal vermelho é <strong>de</strong> se consi<strong>de</strong>rar a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se dar causa a um atropelamento,<br />

mormente quando se emprega uma velocida<strong>de</strong> excessiva a um veículo. Para efeito didático,<br />

mu<strong>de</strong>mos o exemplo mencionado <strong>de</strong>slocando a situação exposta para uma via<br />

expressa, como uma estrada, on<strong>de</strong> a velocida<strong>de</strong> imprimida pelo agente está <strong>de</strong>ntro dos<br />

padrões <strong>de</strong> normalida<strong>de</strong> e retirando <strong>de</strong> cena o semáforo luminoso, colocando em seu<br />

lugar uma passarela para pe<strong>de</strong>stres; neste caso, não é em nada previsível que algum<br />

transeunte atravesse a via em rápida carreira, <strong>de</strong>ixando <strong>de</strong> utilizar a passarela. Portanto,<br />

um atropelamento que nestas condições venha a ocorrer não irá sujeitar o motorista a<br />

qualquer sanção <strong>de</strong> natureza <strong>penal</strong>. Falta, no caso, a previsibilida<strong>de</strong> objetiva.<br />

Ainda <strong>de</strong>ntro do tema da previsibilida<strong>de</strong>, existem dois princípios que merecem<br />

atenção. O primeiro é o princípio do risco tolerado, segundo o qual existem comportamentos<br />

arriscados que, por imprescindíveis que são, não po<strong>de</strong>m ser evitados, afastando,<br />

portanto, qualquer forma <strong>de</strong> ilicitu<strong>de</strong> (médico que realiza uma intervenção cirúrgica<br />

<strong>de</strong> urgência em condições precárias, po<strong>de</strong>ndo causar a morte do paciente). O segundo<br />

princípio é o da confiança, que dispõe ser o <strong>de</strong>ver objetivo <strong>de</strong> cuidado dirigido a todos,<br />

não sendo exigível que as pessoas ajam <strong>de</strong>sconfiando do comportamento umas das outras<br />

(um motorista <strong>de</strong>ve ter a confiança <strong>de</strong> que um pe<strong>de</strong>stre não vá atravessar a rua em<br />

momento e local ina<strong>de</strong>quados, se ele o fizer, sendo atingido pelo automóvel, inexistirá<br />

culpa, não havendo, portanto, responsabilida<strong>de</strong> por parte do condutor do veículo).<br />

5.1.5. Tipicida<strong>de</strong><br />

O último elemento constitutivo do crime culposo é a tipicida<strong>de</strong>. Para que um <strong>de</strong>terminado<br />

crime possa ser praticado na forma culposa, esta <strong>de</strong>verá estar expressamente<br />

prevista na Lei Penal.<br />

97

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!