13.04.2013 Views

Compêndio de Direito penal Rodrigo Larizzatti - Gravo Papers

Compêndio de Direito penal Rodrigo Larizzatti - Gravo Papers

Compêndio de Direito penal Rodrigo Larizzatti - Gravo Papers

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

COMPÊNDIO DE DIREITO PENAL • <strong>Rodrigo</strong> <strong>Larizzatti</strong><br />

O § 1º do art. 29 do CPB 118 trata da participação <strong>de</strong> menor importância, causa <strong>de</strong><br />

diminuição <strong>de</strong> pena, nos casos em que o partícipe, e apenas ele, tenha <strong>de</strong>senvolvido<br />

uma ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> menor importância, mesmo querendo ter praticado o mesmo crime<br />

levado a efeito pelo autor ou coautores.<br />

Como exemplo, citamos o caso em que uma <strong>de</strong>terminada pessoa é procurada por<br />

outras duas que lhe dizem estar planejando um roubo a banco e que precisam <strong>de</strong> alguém<br />

para dirigir o veículo da fuga; este, ao invés <strong>de</strong> assumir a posição, indica um terceiro<br />

que po<strong>de</strong>rá executar a tarefa por tratar-se <strong>de</strong> um exímio motorista, sendo que este terceiro<br />

é efetivamente recrutado pelo grupo. Não há qualquer dúvida <strong>de</strong> que esta pessoa<br />

procurada pelos dois ladrões tem participação no crime por eles executado, uma vez<br />

que colaborou para a sua realização ao apontar o motorista para a fuga, entretanto, essa<br />

participação é <strong>de</strong> menor importância, pois segundo Mirabete “a participação <strong>de</strong> menor<br />

importância só po<strong>de</strong> ser colaboração secundária, dispensável, e que, embora <strong>de</strong>ntro da<br />

causalida<strong>de</strong>, se não prestada não impediria a realização do crime” (MIRABETE, 1997,<br />

p. 236) e a colaboração prestada por ele não foi essencial à execução do <strong>de</strong>lito, pois os<br />

coautores po<strong>de</strong>riam muito bem conseguir outra pessoa para dirigir o veículo da fuga.<br />

8. AS CIRCUNSTÂNCIAS INCOMUNICÁVEIS DO CRIME NO CONCURSO DE PESSOAS<br />

O art. 30 do CPB 119 dispõe acerca das condições e circunstâncias <strong>de</strong> caráter pessoal,<br />

no concurso <strong>de</strong> pessoas. As condições referem-se às relações do agente com a<br />

vida exterior (menor ida<strong>de</strong>), ou indicam um estado (o casamento). Já as circunstâncias<br />

são elementos que se integram à infração <strong>penal</strong>, servindo para alterar a qualida<strong>de</strong> ou a<br />

quantida<strong>de</strong> da pena (o motivo do crime).<br />

O mencionado preceito legal <strong>de</strong>termina que tanto as condições quanto as circunstâncias<br />

<strong>de</strong> caráter pessoal não se comunicam entre os autores, coautores e partícipes<br />

<strong>de</strong> um crime. Assim, se um dos sujeitos for menor <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, essa condição não surtirá<br />

efeitos para os <strong>de</strong>mais comparticipantes, mas apenas para ele, qual seja o da inimputabilida<strong>de</strong><br />

<strong>penal</strong>. Aliás, é importante frisar que o concurso é <strong>de</strong> agentes, <strong>de</strong> pessoas,<br />

po<strong>de</strong>ndo ser elas imputáveis ou não. Da mesma forma, os motivos <strong>de</strong>terminantes para<br />

a prática do ilícito, vale dizer, as circunstâncias, são diferentes para cada concorrente,<br />

sendo que um <strong>de</strong>les po<strong>de</strong> ter executado o <strong>de</strong>lito por motivo fútil e outro por relevante<br />

valor social ou moral.<br />

Porém, o mesmo dispositivo traz uma ressalva quando diz que se as condições ou<br />

circunstâncias forem elementares do crime, se comunicarão entre os comparticipantes.<br />

Neste caso, são elas elementos constitutivos do fato típico. O crime <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua<br />

existência para po<strong>de</strong>r ser executado – para que alguém pratique um crime <strong>de</strong> peculato,<br />

<strong>de</strong>verá ser possuidor <strong>de</strong> uma condição especial, qual seja, a <strong>de</strong> ser funcionário público;<br />

se qualquer outra pessoa auxiliar um funcionário público a praticar o <strong>de</strong>lito, respon<strong>de</strong>rá<br />

por este crime mesmo que não exerça função pública. No entanto, para que a condição<br />

ou circunstância elementar seja comunicável aos <strong>de</strong>mais concorrentes, é necessário que<br />

eles tenham o conhecimento <strong>de</strong> sua existência.<br />

118 CPB – Art. 29.(...) § 1º Se a participação for <strong>de</strong> menor importância, a pena po<strong>de</strong> ser diminuída <strong>de</strong> um sexto a um terço.<br />

119 CPB – Art. 30. Não se comunicam as circunstâncias e as condições <strong>de</strong> caráter pessoal, salvo quando elementares do crime.<br />

200

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!