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Comentário de 1 Coríntios

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104 • Comentário <strong>de</strong> 1 Coríntios<br />

pensamento mais íntimo <strong>de</strong> uma pessoa, acerca do qual ninguém nada<br />

sabe, só é percebido por ela mesma. Se <strong>de</strong>pois ela o revela a outrem,<br />

tal coisa não altera o fato <strong>de</strong> que seu espírito só conhece o que está<br />

em seu íntimo. Pois é possível que tal pessoa não use uma linguagem<br />

persuasiva; é possível ainda que ela não expresse convenientemente<br />

a realida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua intenção. Se ela, contudo, alcança ambos os objetivos,<br />

esta afirmação não entra em conflito com a outra, a saber: que<br />

exclusivamente seu próprio espírito é que mantém o verda<strong>de</strong>iro conhecimento<br />

<strong>de</strong>la. Existe, entretanto, esta importante diferença entre<br />

os pensamentos <strong>de</strong> Deus e os dos homens: <strong>de</strong> um lado, os homens se<br />

enten<strong>de</strong>m reciprocamente; do outro, a Palavra <strong>de</strong> Deus é uma espécie<br />

<strong>de</strong> sabedoria oculta, a cuja altitu<strong>de</strong> o frágil intelecto humano não po<strong>de</strong><br />

alcançar. Assim, a luz brilha nas trevas [Jo 1.5], até que o Espírito abra<br />

os olhos do cego.<br />

O espírito do homem. Note-se que aqui o espírito <strong>de</strong> uma pessoa<br />

significa a alma [anima] na qual resi<strong>de</strong> a faculda<strong>de</strong> intelectual, como<br />

é chamada. Porquanto Paulo se teria expresso <strong>de</strong> forma imprecisa se<br />

tivesse atribuído esse conhecimento ao intelecto humano, ou, em outros<br />

termos, á própria faculda<strong>de</strong>, e não à alma, a qual é dotada o po<strong>de</strong>r<br />

do discernimento.<br />

12. Ora, nós temos recebido, não o espírito do mundo. Ele intensifica,<br />

à guisa <strong>de</strong> contraste, aquela certeza <strong>de</strong> que fizera menção.<br />

Diz ele: “O Espírito <strong>de</strong> revelação que recebemos não é proveniente do<br />

mundo, ao ponto <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rir ao pó e converter-se em tema <strong>de</strong> futilida<strong>de</strong>;<br />

ao ponto <strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar-nos em suspenso; ou a enfrentar variação ou<br />

flutuação; ou a <strong>de</strong>ixar-nos em incerteza e perplexida<strong>de</strong>. Ao contrário,<br />

ele tem sua origem em Deus; e daí, paira acima <strong>de</strong> todas as nuvens; ele<br />

é a verda<strong>de</strong> sólida e invariável, e está posto acima <strong>de</strong> toda e qualquer<br />

possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> dúvida.”<br />

Esta é uma passagem muitíssimo clara para refutar o princípio<br />

diabólico dos sofistas <strong>de</strong> que os crentes vivem num contínuo estado<br />

<strong>de</strong> hesitação. Porque seu intuito é suscitar dúvidas na mente dos crentes,<br />

se <strong>de</strong> fato vivem ou não na graça <strong>de</strong> Deus; e não admitem nenhuma

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