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Comentário de 1 Coríntios

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550 • Comentário <strong>de</strong> 1 Coríntios<br />

<strong>de</strong>ve ser nossa atitu<strong>de</strong> diante do fato <strong>de</strong> que ele realmente faz menção<br />

específica <strong>de</strong>le? Pergunto: seria provável que o apóstolo citasse, na<br />

forma <strong>de</strong> argumento, um sacrilégio 62 por meio do qual o batismo era<br />

corrompido e convertido completamente num uso mágico e abusivo, e<br />

nem assim tenha uma única sílaba a dizer em con<strong>de</strong>nação <strong>de</strong> tal erro?<br />

Ao tratar <strong>de</strong> coisas que não são da maior importância, ele, não obstante,<br />

introduz parêntesis, insinuando que está falando como homem [Rm<br />

3.5; 6.19; Gl 3.15]. No presente caso, não teria sido mais apropriado e<br />

conveniente que usasse parêntesis? Ora, o fato <strong>de</strong> fazer ele menção <strong>de</strong><br />

tal coisa sem qualquer palavra <strong>de</strong> reprovação, quem não enten<strong>de</strong>ria<br />

que tal coisa era permitida? De minha parte, por certo que aqui o entendo<br />

como se estivesse falando do uso correto do batismo, e não <strong>de</strong><br />

um mal uso <strong>de</strong>le <strong>de</strong>ssa natureza.<br />

Ora, inquiramos agora quanto ao significado. Houve um tempo<br />

em que eu costumava pensar que Paulo aqui estava realçando o <strong>de</strong>sígnio<br />

universal do batismo, porquanto o benefício do batismo não se<br />

restringe a esta presente vida. Mas, no transcorrer do tempo, ao consi<strong>de</strong>rar<br />

mais atentamente a terminologia, percebi que aqui Paulo está<br />

tratando <strong>de</strong> algo peculiar. Pois ele não está falando <strong>de</strong> todos quando<br />

pergunta o que farão aqueles que são batizados etc. Além do mais, não<br />

aprecio as interpretações que são mais engenhosas do que sólidas. Então,<br />

o que ele quis dizer? Digo que aqueles que eram batizados pelos<br />

mortos são os que eram consi<strong>de</strong>rados como já mortos e perdido completamente<br />

qualquer esperança <strong>de</strong> vida. E assim a partícula ὑπέρ terá a<br />

mesma função do latim pro [como], por exemplo, na expressão habere<br />

pro <strong>de</strong>relicto, ou, seja, tido como abandonado. 63 Essa significação não<br />

é <strong>de</strong> forma alguma forçada. Ou, se o leitor preferir outra significação,<br />

ser batizado pelos mortos significaria ser batizado em benefício dos<br />

mortos, não dos vivos. 64 Ora, sabe-se bem que <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os primórdios da<br />

62 “Ce sacrilege horrible.” – “Este horrível sacrilégio.”<br />

63 A forma da expressão referida é usada por Cícero (Att. 8.1).<br />

64 “Proufite apres la mort, et non pas la vie durant.” – “Proveito após a morte, não durante<br />

a vida.”

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