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Comentário de 1 Coríntios

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Capítulo 14 • 475<br />

nenhum dom, pois vos exorto a empenhar-vos por todos eles, contanto<br />

que a profecia retenha sua posição <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque.”<br />

2. Pois quem fala em língua <strong>de</strong>sconhecida, 3 não fala aos homens.<br />

Ele agora mostra pelo efeito por que preferia a profecia aos <strong>de</strong>mais<br />

dons, e a compara com o dom <strong>de</strong> línguas, no qual é bem provável<br />

que os coríntios exce<strong>de</strong>ssem, visto ser o mesmo mais ostentoso, pois<br />

quando as pessoas ouvem alguém a expressar-se em língua estrangeira,<br />

geralmente sua admiração é excitada <strong>de</strong> uma forma incomum. O<br />

apóstolo, pois, mostra, partindo <strong>de</strong> princípios já pressupostos, quão<br />

perverso é tal comportamente, já que esse dom [<strong>de</strong> línguas] não vale<br />

absolutamente nada para a edificação da Igreja. Seu primeiro ponto<br />

é este: “aquele que fala em língua <strong>de</strong>sconhecida está falando não a<br />

homens, mas a Deus”. Em outros termos (segundo um provérbio), “ele<br />

fala a si próprio e às pare<strong>de</strong>s.” 4 Não há pleonasmo 5 no uso da palavra<br />

língua, como suce<strong>de</strong> nos seguintes casos: “ela falava com sua própria<br />

boca”; “eu ouvi sua voz com estes ouvidos”; ao contrário, significa<br />

uma língua estrangeira. A razão por que “ele não fala a homens” é que<br />

“ninguém enten<strong>de</strong>”, ou, seja, as palavras não po<strong>de</strong>m ser distinguidas.<br />

Pois os ouvintes ouvem um som, porém não enten<strong>de</strong>m o sentido da<br />

linguagem.<br />

3 Grannville Penn observa que “o contexto revela que o apóstolo tem em mente uma língua<br />

estrangeira àquela dos ouvintes, e por isso <strong>de</strong>sconhecida para eles” – como “apren<strong>de</strong>mos<br />

à luz do versículo 21 que estamos para suprir com ἑτερᾳ, ‘outra’, não αγνωστῃ, ‘<strong>de</strong>sconhecida’.<br />

Temos tido”, acrescenta, “lamentável prova do abuso a que a última tradução<br />

prejudicial po<strong>de</strong> ter sido pervertida nas mãos <strong>de</strong> ignorantes ou entusiastas insidiosos,<br />

presumindo que o termo significa ‘língua <strong>de</strong>sconhecida <strong>de</strong> todo o gênero humano’; e daí,<br />

por meio <strong>de</strong> uma inferência ímpia, supernatural ou divina; em vez <strong>de</strong> relativamente, ‘<strong>de</strong>sconhecida<br />

<strong>de</strong> outras pessoas’. E no entanto, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> tudo, ‘<strong>de</strong>sconhecida’ não a palavra<br />

do apóstolo, mas apenas um suplemente em itálico sugerida pelos revisores ingleses do<br />

século <strong>de</strong>zessete.”<br />

4 “Comme on dit en prouerbe – Il presche à soy-mesme et aux murailles.” – “Como dizem<br />

proverbialmente: Ele prega a si mesmo e às pare<strong>de</strong>s.” Crê-se que o provérbio, “Sibi canit<br />

et Musis” – “Ele canta para si mesmo e para as musas”, originou-se <strong>de</strong> um dito <strong>de</strong> Antigeni<strong>de</strong>s,<br />

um músico célebre <strong>de</strong> Tebes, que, quando sua Ismenia escolar cantava com<br />

bom gosto, mas não ao ponto <strong>de</strong> granjear os aplausos do povo, excalamava: “Mihi cane<br />

et Musis” – “Canto para mi e para as musas”, significando que nada era se agradasse os<br />

bons juízes.<br />

5 Pleonasmo é uma figura <strong>de</strong> linguagem que envolve uma redundância <strong>de</strong> expressão.

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