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Comentário de 1 Coríntios

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Capítulo 15 • 569<br />

corpo proce<strong>de</strong>nte do céu, assim como o corpo <strong>de</strong> Adão foi formado<br />

da terra; ou, ao menos, que a alma do homem tenha emanado da<br />

terra, enquanto que a alma <strong>de</strong> Cristo, por outro lado, tenha vindo<br />

do céu. Minha resposta é que o apóstolo não fez uma comparação<br />

dos dois homens tão minu<strong>de</strong>nte e estrita quanto possível – pois<br />

isso não era necessário. Visto, porém, estar discutindo a natureza<br />

<strong>de</strong> Cristo e <strong>de</strong> Adão, ele fez uma ligeira referência à criação <strong>de</strong><br />

Adão, dizendo que ele fora formado da terra; e, ao mesmo tempo,<br />

para que percebamos quão valioso é Cristo, então <strong>de</strong>clara que ele<br />

é o Filho <strong>de</strong> Deus, que <strong>de</strong>sceu do céu a nós, e que, por essa razão,<br />

retém sua natureza e po<strong>de</strong>r celestiais. Este é o sentido correto; em<br />

contrapartida, as sutilezas 113 dos maniqueus nada mais são do que<br />

interpretação solerte.<br />

Devemos, não obstante, respon<strong>de</strong>r ainda a outra objeção. Porque,<br />

embora Cristo estivesse no mundo, ele viveu nossa vida comum e,<br />

portanto, terrena; daí, o contraste não é apropriado. A solução a este<br />

problema ajudará ainda mais na refutação da fantasiosa 114 noção dos<br />

maniqueus. Pois sabemos que o corpo <strong>de</strong> Cristo era sujeito à morte,<br />

e que ele ficou livre <strong>de</strong> corrupção, não <strong>de</strong>vido a alguma proprieda<strong>de</strong><br />

inerente [essentiali proprietate], segundo o modo <strong>de</strong> se expressar, mas<br />

pela providência <strong>de</strong> Deus, e nada mais. Portanto, no tocante à substância<br />

<strong>de</strong> seu corpo, não só foi ele terreno, mas também que, por algum<br />

tempo, participou <strong>de</strong> nossa condição terrena. Porque, antes que o po<strong>de</strong>r<br />

<strong>de</strong> Cristo pu<strong>de</strong>sse manifestar-se, conferindo-nos a vida celestial,<br />

era necessário que ele morresse na <strong>de</strong>bilida<strong>de</strong> da carne [2Co 13.4].<br />

Ora, esta vida celestial primeiro se manifestou na ressurreição, para<br />

que nos vivificasse também.<br />

49. E assim como trouxemos a imagem. Alguns acreditam que há<br />

aqui uma exortação a uma vida piedosa e santa, ao quê o apóstolo foi<br />

levado à guisa <strong>de</strong> digressão; e por essa razão eles mudaram o verbo,<br />

do tempo futuro para o subjuntivo hortativo. Além do mais, alguns ma-<br />

113 “La nature <strong>de</strong> l’antithese et comparison.” – “A natureza do contraste e comparação.”<br />

114 “La meschante imagination.” – “A perversa fantasia.”

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