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Comentário de 1 Coríntios

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408 • Comentário <strong>de</strong> 1 Coríntios<br />

sendo o Espírito, porque ela é um penhor [tessera] <strong>de</strong>finido da presença<br />

invisível do Espírito. Portanto, o pão é o corpo <strong>de</strong> Cristo porque<br />

ele dá indubitável testemunho do fato <strong>de</strong> que todo o corpo, que o simboliza,<br />

nos é comunicado; ou porque, ao oferecer-nos este símbolo, o<br />

Senhor está nos dando também, ao mesmo tempo, seu próprio corpo;<br />

pois Cristo não está nos enganando e nos fazendo <strong>de</strong> tolos com representações<br />

fúteis. 74 Conseqüentemente, a mim é tão claro como a luz<br />

meridiana que aqui a realida<strong>de</strong> é associada ao sinal; em outros termos,<br />

realmente nos tornamos participantes do corpo <strong>de</strong> Cristo, no tocante<br />

ao po<strong>de</strong>r espiritual, da mesma forma que comemos o pão.<br />

Devemos então consi<strong>de</strong>rar o modo da participação. Os papistas<br />

nos impõem seu sistema <strong>de</strong> transubstanciação. Sustentam que,<br />

quando a consagração é efetuada, a substância do pão não mais<br />

permanece, mas somente os aci<strong>de</strong>ntes. 75 Contra tal fabricação estabelecemos<br />

não só as límpidas palavras da Escritura, mas também<br />

a própria natureza dos Sacramentos. Pois qual seria a significação<br />

[significatio] da Ceia se não houvesse nenhuma analogia entre o sinal<br />

visível e a realida<strong>de</strong> espiritual [si nulla sit inter signum visibile et rem<br />

spiritualem analogia]? Acreditam que o sinal tem a falsa e ilusória<br />

aparência [speciem] <strong>de</strong> pão. Então, o que dizer da realida<strong>de</strong> significada?<br />

Talvez não passe <strong>de</strong> um exemplar <strong>de</strong> simulacro. Portanto,<br />

se <strong>de</strong>ve haver uma relação [convenientiam] correspon<strong>de</strong>nte entre<br />

o sinal e a realida<strong>de</strong> [veritate] por trás <strong>de</strong>le, então o pão <strong>de</strong>ve ser<br />

verda<strong>de</strong>iro [verum] pão, não pão imaginário, a fim <strong>de</strong> representar o<br />

verda<strong>de</strong>iro [verum] corpo <strong>de</strong> Cristo. Além disso, este versículo revela<br />

que não é assim que o corpo <strong>de</strong> Cristo nos é oferecido, senão que<br />

nos é oferecido como alimento. Ora, o que nos nutre não é <strong>de</strong> forma<br />

alguma a aparência <strong>de</strong> pão, e, sim, sua substância. Pondo-o em poucas<br />

palavras, se a realida<strong>de</strong> mesma <strong>de</strong>ve ser uma realida<strong>de</strong> genuína,<br />

então o sinal <strong>de</strong>ve igualmente ser um sinal genuíno.<br />

74 “Pour penser qu’il nous repaisse d’ombres et vaines figures.” – “Pensar que ele quisesse<br />

nutrir-nos com sombras e representações fúteis.”<br />

75 Pelo termo aci<strong>de</strong>ntes do pão estão implícitos sua cor, sabor, odor e forma.

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