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Comentário de 1 Coríntios

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288 • Comentário <strong>de</strong> 1 Coríntios<br />

honras, <strong>de</strong>sfrutam <strong>de</strong> posição oficial, têm sangue nobre a correr em<br />

suas veias, no entanto permanecem, ao mesmo tempo, humil<strong>de</strong>s, e<br />

que não levam em si sequer um laivo <strong>de</strong> orgulho. Mas sempre que a<br />

situação a que venho <strong>de</strong>screvendo entra em cena, não <strong>de</strong>vemos pôr a<br />

culpa na cultura, e, sim, naquelas coisas que, todos concordam, são<br />

dons <strong>de</strong> Deus. Em primeiro lugar, tal comportamento seria injusto e<br />

estúpido. Em segundo lugar, ao transferir a culpa para as coisas, que<br />

na verda<strong>de</strong> são neutras, estaríamos isentando o próprio ser humano,<br />

o único que <strong>de</strong>ve levar a culpa. O que estou dizendo é o seguinte: se a<br />

proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> riquezas é que torna os homens orgulhosos, então, se<br />

um homem rico é orgulhoso, nenhuma culpa se po<strong>de</strong> assacar contra<br />

ele, porquanto o mal tem sua origem nas riquezas.<br />

Portanto, <strong>de</strong>vemos aceitar como um princípio estabelecido que o<br />

conhecimento em si mesmo é bom; mas, visto que a pieda<strong>de</strong> é seu único<br />

fundamento, 2 ele se torna fútil e inútil nos perversos, porquanto o amor<br />

é seu condimento essencial, e sem este aquele se torna ineficaz. De fato,<br />

on<strong>de</strong> este conhecimento <strong>de</strong> Deus não se faz presente, o qual nos humilha<br />

e nos ensina a nos preocuparmos com a sorte <strong>de</strong> nossos irmãos, o<br />

que se <strong>de</strong>scobre é algo que se imagina ser conhecimento, o qual <strong>de</strong> forma<br />

alguma é conhecimento, mesmo naqueles que se consi<strong>de</strong>ram como<br />

os mais instruídos. Tal conhecimento, porém, não <strong>de</strong>ve ser <strong>de</strong> forma<br />

alguma culpado <strong>de</strong> ser uma espada que é posta nas mãos <strong>de</strong> um louco.<br />

Tal po<strong>de</strong>r-se-ia dizer 3 <strong>de</strong> certos fanáticos que furiosamente protestam<br />

contra todas as artes e ciências liberais, como se sua única função fosse<br />

animar os orgulhosos, sem nenhuma contribuição valiosa a oferecer a<br />

nossa vida cotidiana. 4 Mas, as mesmas pessoas que as vituperam são<br />

tão vociferantes em seu orgulho que se tornam vivos exemplos do antigo<br />

provérbio: “Nada é tão arrogante quanto a ignorância.”<br />

2 “La crainte <strong>de</strong> Dieu est le seul et vray fon<strong>de</strong>ment d’icelle.” – “O temor <strong>de</strong> Dues é seu único<br />

fundamento.”<br />

3 “J’ai bien voulu dire ceci.” – “Sinto-me preparado para dizer isso.”<br />

4 “Moyens et instrumens tres-vtiles, tant à la cognoissance <strong>de</strong> Dieu, qu’à la conduite <strong>de</strong><br />

la vie commune.” – “Os meios e instrumentos mais úteis, tanto para o conhecimento <strong>de</strong><br />

Deus, quanto para a conduta da vida comum.”

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