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Comentário de 1 Coríntios

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124 • Comentário <strong>de</strong> 1 Coríntios<br />

Em contrapartida, ele às vezes fala do ministro como sendo um<br />

servo, não um mestre; como um instrumento, não uma autorida<strong>de</strong>; e,<br />

em suma, como homem, e não Deus. Visto por esse prisma, ele nada<br />

lhe <strong>de</strong>ixa senão seu trabalho; aliás, morto e impotente, a menos que o<br />

Senhor lhe confira po<strong>de</strong>r eficaz pela operação <strong>de</strong> seu Espírito. A razão<br />

consiste em nisto: quando é simplesmente uma questão <strong>de</strong> ministério,<br />

não <strong>de</strong>vemos atentar <strong>de</strong>masiadamente para o ser humano, mas para<br />

Deus que está operando no homem pela graça do Espírito. Não significa<br />

que a graça do Espírito está sempre atada à palavra do homem,<br />

mas que Cristo esten<strong>de</strong> seu próprio po<strong>de</strong>r ao ministério que ele instituiu,<br />

<strong>de</strong> tal forma que fica evi<strong>de</strong>nciado que o mesmo não foi instituído<br />

em vão. Por este prisma, Cristo não subtrai nem reduz nada que lhe<br />

pertença com o fim <strong>de</strong> transferi-lo ao homem. Porquanto ele não está<br />

separado do ministro, 18 e, sim, que, ao contrário, <strong>de</strong>clara-se que seu<br />

po<strong>de</strong>r é eficaz no ministro. Visto, porém, que, através da <strong>de</strong>pravação<br />

<strong>de</strong> nosso juízo, às vezes tiramos vantagem <strong>de</strong>ste fato para valorizar <strong>de</strong>mais<br />

o homem, precisamos fazer uma distinção a fim <strong>de</strong> corrigir esta<br />

falha: o Senhor <strong>de</strong>ve ser colocado <strong>de</strong> um lado e o ministro, do outro.<br />

É assim que se torna evi<strong>de</strong>nte que a necessida<strong>de</strong> do homem está nele<br />

mesmo, e quão plenamente carente é ele <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r.<br />

Portanto, aprendamos <strong>de</strong>sta passagem que os ministros sãos postos<br />

lado a lado com o Senhor à guisa <strong>de</strong> comparação. A razão para<br />

tal comparação é que os homens, atribuindo pouco valor à graça <strong>de</strong><br />

Deus, são excessivamente liberais em enaltecer os ministros; e assim<br />

furtam a Deus daquilo que por direito lhe pertence e o transferem para<br />

si próprios. Entretanto, Paulo sempre mantém o mais pleno senso <strong>de</strong><br />

proporção, pois quando afirma que “Deus é quem dá o crescimento”,<br />

ele quer dizer que os esforços dos próprios homens não ficam sem<br />

sucesso. Veremos em outra passagem 19 que o mesmo raciocínio se<br />

18 “Car en ces façons <strong>de</strong> parler Christ n’est point separé du ministre.” – “Nessas formas <strong>de</strong><br />

expressão Cristo não é separado (ou consi<strong>de</strong>rado à parte) do ministro.”<br />

19 Calvino mui provavelmente se refere aqui às afirmações feitas por ele ao comentar Gálatas<br />

3.27 nestes termos: “Respon<strong>de</strong>o, Paulum <strong>de</strong> Sacramentis bifariam solere loqui. Dum<br />

negotium est cum hypocritis, qui nudis signis superbiunt, tum concionatur, quam inanis

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