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Comentário de 1 Coríntios

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460 • Comentário <strong>de</strong> 1 Coríntios<br />

respeito, porquanto este é o significado do verbo grego (χρηστεύεσθαι). 8<br />

A terceira excelência consiste em que ele corrige a emulação, a qual<br />

constitui a causa originária <strong>de</strong> todas as disputas. Ele inclui inveja que<br />

causa emulação, porquanto se assemelha muito a ela; ou, antes, ele<br />

tem em mente a espécie <strong>de</strong> emulação que se associa à inveja e freqüentemente<br />

se origina <strong>de</strong>la. Segue-se que on<strong>de</strong> a inveja mantém influência,<br />

on<strong>de</strong> cada um é ávido por <strong>de</strong>staque pessoal, ao menos na aparência, o<br />

amor não po<strong>de</strong> vicejar.<br />

O grego endossa minha tradução: “não age insolentemente” [οὐ<br />

περπερεύεται]. Erasmo o traduz como “não é impu<strong>de</strong>nte”. 9 Sabe-se muito<br />

bem que este termo grego tem diferentes significados, mas já que,<br />

às vezes, ele é usado como “ser obstinado, tornar-se arrogante por<br />

causa da autoconfiança”, este sentido parece a<strong>de</strong>quar-se melhor a este<br />

versículo. 10 Ele, pois, está reivindicando para o amor uma influência<br />

mo<strong>de</strong>rada, e mostra que ele é um freio para manter o homem sob controle<br />

e impedi-lo <strong>de</strong> prorromper em atos <strong>de</strong> ferocida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> modo que<br />

todos venham a viver juntos <strong>de</strong> maneira tranqüila e or<strong>de</strong>ira. Ele acrescenta<br />

mais, dizendo que não existe nele a mínima sombra <strong>de</strong> orgulho. 11<br />

Que o homem, pois, que se <strong>de</strong>ixa governar pelo amor não se infla com<br />

orgulho, olhando para os outros com <strong>de</strong>sdém e sentindo-se satisfeito<br />

consigo mesmo. 12<br />

8 A distinção entre a primeira e a segunda <strong>de</strong>ssas recomendações aqui, outorgadas ao<br />

amor, é <strong>de</strong>clarado por Bloomfield como segue: Μακροθυμε, “<strong>de</strong>nota clemência, como o<br />

oposto <strong>de</strong> paixão e vingança; e χρηστεύεται, mansidão, como o oposto <strong>de</strong> severida<strong>de</strong> e<br />

misantropia.”<br />

9 Esta tradução é seguida em duas antigas traduções inglesas, a saber: Tyndale (1534) e<br />

Cranmer (1539). “O amor não age obstinadamente.”<br />

10 Os intérpretes <strong>de</strong> modo algum concordam quanto à essência precisa do termo original<br />

περπερεύεται. Os comentaristas mais antigos e muitos mo<strong>de</strong>rnos o explicam neste sentido:<br />

“agir precipitada e temerariamente” – e em concordância com isso é a tradução dada por<br />

nossos tradutores na Marginal – não é temerário. Nenhuma expressão, contudo, parece<br />

realçar mais satisfatoriamente a essência da palavra original do que nossos tradutores<br />

que inseriram no texto: não se vangloria. Beausobre faz uso <strong>de</strong> dois epítetos: “N’est point<br />

et insolente.” – “Não é fútil nem insolente.”<br />

11 “Il dit consequemment que charite ne s’enfle point.” – “Ele diz, conseqüentemente, que o<br />

amor não é enfatuado.”<br />

12 Bloomfield consi<strong>de</strong>ra a distinção entre esta sentença e a prece<strong>de</strong>nte como sendo esta:<br />

que a primeira “se refere ao orgulho como <strong>de</strong>monstrado em palavras”; e a segunda como

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