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Comentário de 1 Coríntios

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Capítulo 13 • 461<br />

5. Não se comporta inconvenientemente (οὐκ ἀσχημονε). Erasmo<br />

o traduz por “não é <strong>de</strong>s<strong>de</strong>nhoso”. Visto, porém, que ele não cita<br />

qualquer autorida<strong>de</strong> em apoio <strong>de</strong>ste significado, preferi reter seu sentido<br />

próprio e usual. Minha explicação, pois, é a seguinte: o amor não<br />

se <strong>de</strong>leita com fútil ostentação nem provoca gran<strong>de</strong> espalhafato, mas<br />

sempre observa a mo<strong>de</strong>ração e a conveniência. E assim o apóstolo<br />

uma vez mais se põe a censurar os coríntios <strong>de</strong> maneira indireta, pois<br />

se portavam <strong>de</strong> forma tão vergonhosa e com tal arrogância, ao ponto<br />

<strong>de</strong> não revelarem nenhum escrúpulo em ignorar toda e qualquer conveniência.<br />

13<br />

Não busca seus interesses. Disto po<strong>de</strong>mos inferir que o amor está<br />

longe <strong>de</strong> ser-nos algo inerente, pois todos nós somos portadores <strong>de</strong><br />

uma natural tendência <strong>de</strong> amar-nos e <strong>de</strong> cuidar <strong>de</strong> nós mesmos, buscando<br />

só o que nos interessa. Sim, para falar com mais exatidão, nos<br />

atiramos <strong>de</strong> ponta cabeça para alcançar o que nos interessa. 14 O amor<br />

é o único antídoto 15 que cura essa tendência tão pervertida, pois ele<br />

nos faz ignorar nossas próprias circunstâncias e a preocupar-nos sinceramente<br />

com a sorte <strong>de</strong> nosso próximo, amando e cuidando <strong>de</strong>le.<br />

Além disso, “buscar as próprias coisas <strong>de</strong> alguém” 16 é viver <strong>de</strong>votadamente<br />

para ele e sentir-se completamente feliz em ajudá-lo a cuidar<br />

<strong>de</strong> seus próprios interesses. A questão se é lícito que o cristão se preocupe<br />

com seu próprio bem-estar é solucionada por esta <strong>de</strong>finição.<br />

Porquanto o apóstolo não preten<strong>de</strong> dizer que <strong>de</strong>ixemos <strong>de</strong> preocupar-nos<br />

conosco e <strong>de</strong> cuidar <strong>de</strong> nossos próprios negócios; senão que<br />

con<strong>de</strong>na a excessiva preocupação e ansieda<strong>de</strong> pelos mesmos, o que<br />

nasce do amor excessivamente cego por nós mesmos. Mas tal excessi-<br />

“a carruagem e a paciência, para <strong>de</strong>notar o orgulho e arrogância por conta <strong>de</strong> certas vantagens<br />

externas”. Um ponto <strong>de</strong> vista semelhante é assumido por Barnes, que consi<strong>de</strong>ra<br />

a primeira sentença como uma referência a “a expressão dos sentimentos <strong>de</strong> orgulho,<br />

vaida<strong>de</strong>” etc.; e a última como “o sentimento propriamente dito.”<br />

13 O sentido próprio do verbo ασχήμονειν é ofen<strong>de</strong>r contra o <strong>de</strong>coro.<br />

14 “Nous sommes transportez-là, et nous-nous y iettons sans mo<strong>de</strong>ration aucune.” – “Corremos<br />

apressadamente para ele, e avançamos sem qualquer freio.”<br />

15 “Le reme<strong>de</strong> unique.” – “O único remédio.”<br />

16 “Car il y a ainsi à le traduire mot à mot.” – “Pois é o significado literal.”

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