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Comentário de 1 Coríntios

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480 • Comentário <strong>de</strong> 1 Coríntios<br />

7. E até as coisas inanimadas. Ele então introduz similitu<strong>de</strong>s,<br />

primeiro a dos instrumentos musicais, e em seguida a da natureza<br />

geral das coisas, pois todo som tem seu próprio caráter peculiar,<br />

apropriado para fazer distinção. 10 “Até as próprias coisas sem vida”,<br />

diz ele, “nos ensinam uma lição.” É verda<strong>de</strong> que há muitos sons ou<br />

estampidos que se ouvem ao acaso, sem qualquer modulação, 11 mas<br />

Paulo aqui fala <strong>de</strong> vozes nas quais há algum indício <strong>de</strong> arte, como<br />

se quisesse dizer: “Uma pessoa não po<strong>de</strong> dar vida a uma harpa ou<br />

flauta, porém a faz produzir um som, que é regulado <strong>de</strong> tal sorte, que<br />

po<strong>de</strong> ser distinguido. Que disparida<strong>de</strong>, pois, quando pessoas reais,<br />

dotadas que são <strong>de</strong> inteligência, produzem sons totalmente confusos,<br />

sem qualquer distinção!”<br />

Não obstante, aqui <strong>de</strong>vemos gastar pouco tempo na discussão<br />

das harmonias musicais, porquanto Paulo está tocando só <strong>de</strong> leve naquilo<br />

<strong>de</strong> que todos tinham consciência, ou, seja, o som <strong>de</strong> trombeta, 12<br />

por exemplo, a que ele se refere no versículo 8. Pois a trombeta se<br />

<strong>de</strong>stinava a excitar o sangue <strong>de</strong> tal maneira que agitava não só os homens,<br />

mas também os próprios corcéis. Esta é a razão por que, como<br />

relatam os registros históricos, os espartanos preferiam usar a flauta 13<br />

quando se reuniam para a batalha, a fim <strong>de</strong> que, no primeiro assalto, o<br />

exército não se precipitasse sobre o inimigo com fúria excessivamente<br />

violenta. 14 Finalmente, todos sabemos, pela própria experiência, quão<br />

10 “C’est à dire, pour signifier quelque chose.” – “Equivale dizer, para significar algo.”<br />

11 “Sans mesure ou distinction.” – “Sem medida ou distinção.”<br />

12 “Sabe-se bem que as trombetas eram empregadas em quase todos os exércitos antigos,<br />

com o propósito <strong>de</strong> orientar os movimentos dos soldados e informá-los do que estavam<br />

para fazer: como quando atacar, avançar ou retrair. Este era o costume mesmo nos exércitos<br />

judaicos mais antigos, quando a lei exigiu que se fizessem duas trombetas <strong>de</strong> prata<br />

para esse propósito (Nm 10.1, 2, 9). Naturalmente, a distinção <strong>de</strong> tons se fazia necessário<br />

para expressar as várias convocações que eram assim comunicadas; e se a trombeta não<br />

<strong>de</strong>sse a entonação certa, os soldados po<strong>de</strong>riam não saber como agir, ou corriam o risco<br />

<strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r mal e agir erroneamente.”<br />

13 Ils vsoyent plustost <strong>de</strong> fluste, que <strong>de</strong> trompette.” – “Usavam a flata, em vez da trombeta.”<br />

14 Valério Máximo supõe que o uso da flauta em tais ocasiões pelos lace<strong>de</strong>monianos visava<br />

a “<strong>de</strong>spertar a coragem dos soldados, para que começassem o avanço com maior violência<br />

e fúria”. Mas a razão ressaltada por Calvino concorda com o relato dado por Tucídi<strong>de</strong>s<br />

(com quem concorda os <strong>de</strong>mais historiadores antigos).

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