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Comentário de 1 Coríntios

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Capítulo 10 • 341<br />

abandona o povo. Porquanto Paulo enaltece 16 a graça <strong>de</strong> Deus, visto que<br />

ele or<strong>de</strong>nou à água que fluía da rocha a jorrar enquanto o povo peregrinava,<br />

como se a própria rocha os acompanhasse. Ora, se ele tencionasse<br />

dizer que Cristo é o fundamento espiritual da Igreja, por que então usou<br />

o verbo ser no pretérito 17 [imperfeito] – era? É suficientemente claro que<br />

ele está se referindo a algo que só afetava os pais. Portanto, não <strong>de</strong>mos<br />

mais ouvidos a esta ficção pueril, a qual propicia aos homens amantes<br />

<strong>de</strong> disputa a chance <strong>de</strong> mostrar-se o quanto são impu<strong>de</strong>ntes, em vez <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>ixarem que as formas sacramentais se expressem. 18<br />

Não obstante, já afirmei que nos antigos sacramentos a realida<strong>de</strong><br />

estava anexada aos sinais e [era] comunicada ao povo. Portanto, visto<br />

que eram emblemas [figuræ] <strong>de</strong> Cristo, segue-se que este se achava<br />

unido aos mesmos, com certeza não localmente, e nem numa união <strong>de</strong><br />

natureza ou substância, mas sacramentalmente. Esta é a razão por que<br />

o apóstolo diz que a rocha era Cristo, pois quando se fala dos sacramentos,<br />

comumente se faz uso <strong>de</strong> metonímia. Por isso, aqui o nome da<br />

realida<strong>de</strong> é transferido para o sinal externo, porque aquela é aplicada<br />

a este, não literalmente, mas figuradamente, em virtu<strong>de</strong> da união sobre<br />

a qual já me reportei. Visto, porém, que isso será discutido mais <strong>de</strong>talhadamente<br />

no capítulo onze, faço aqui uma mera alusão ao assunto.<br />

Permanece aí outra questão. “Visto que agora na Ceia comemos o<br />

corpo <strong>de</strong> Cristo e bebemos seu sangue, como podiam os ju<strong>de</strong>us ser participantes<br />

da mesma comida e bebida espirituais, sendo que a carne <strong>de</strong><br />

Cristo ainda não existia para que pu<strong>de</strong>ssem comê-la?” Minha resposta é<br />

que, embora sua carne ainda não existisse, não obstante ela era alimento<br />

para eles. Tampouco é isto uma sutileza fútil e sofística, pois sua salvação<br />

<strong>de</strong>pendia do benefício <strong>de</strong> sua morte e ressurreição. Daí, eles requeriam<br />

receber a carne e o sangue <strong>de</strong> Cristo, para que pu<strong>de</strong>ssem ser participantes<br />

dos benefícios da re<strong>de</strong>nção. Esta recepção <strong>de</strong>la [re<strong>de</strong>nção] era obra<br />

16 “Celebre et magnifie.” – “Celebra e enaltece.”<br />

17 “Estoit.” – “Era.”<br />

18 “C’est à dire lesquelles il ne faut prendre cruëment, et à la lettre, comme on dit.” – “Equivale<br />

dizer: que não <strong>de</strong>ve ser tomado estritamente ou segundo a letra, como dizem.” O<br />

leitor encontrará este tema discutido em alguma extensão na Harmonia dos Evangelhos.

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