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Comentário de 1 Coríntios

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Capítulo 11 • 399<br />

ta que ele <strong>de</strong>ve sua origem às festas <strong>de</strong> amor 46 (ἀπὸ τω̑ν ἀγαπω̑ν), cuja<br />

prática era a seguinte: enquanto os ricos tinham por hábito 47 trazer<br />

refeição <strong>de</strong> suas casas, e a comiam juntamente com os pobres, sem<br />

haver qualquer discriminação entre eles, mais tar<strong>de</strong> foram eliminando<br />

publicamente os pobres e <strong>de</strong>glutindo suas iguarias sozinhos. E isso<br />

parece proce<strong>de</strong>nte, pois Tertuliano explicita que esta era uma prática<br />

muito antiga. 48 Ora, eles costumavam <strong>de</strong>screver como agape (ἀγάπαι) 49<br />

aquelas refeições comunitárias que mantinham entre eles, porque simbolizavam<br />

seu amor fraternal, e consistiam daquilo que eles mesmos<br />

contribuíam. E estou plenamente certo <strong>de</strong> que a origem <strong>de</strong> tal festa<br />

estava nos ritos sacrificiais comuns tanto a ju<strong>de</strong>us quanto a gentios.<br />

Pois estou consciente <strong>de</strong> que os cristãos geralmente corrigiam as <strong>de</strong>formida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong>sses ritos, mas o faziam <strong>de</strong> maneira que ainda retinham<br />

certa semelhança <strong>de</strong>les. É bem provável que, ao verem que tanto ju<strong>de</strong>us<br />

quanto gentios estavam suplementando seu sacrifício com uma<br />

festa, mas que ambos pecavam pela futilida<strong>de</strong>, excessiva tolerância<br />

e intemperança, então instituíram 50 uma forma <strong>de</strong> festa que os disciplinava<br />

bem mais em frugalida<strong>de</strong> 51 e mo<strong>de</strong>ração. Ao mesmo tempo, o<br />

fato <strong>de</strong> sua participação mútua lhe imprimia um aspecto <strong>de</strong> refeição<br />

espiritual. Pois os pobres se alimentavam à expensa dos ricos, e todos<br />

se sentavam à mesma mesa. Mas, se haviam recaído nesta prática<br />

mundana e corrupta, como era no início, ou se uma instituição, que<br />

<strong>de</strong> outra forma não seria tão ruim, havia se <strong>de</strong>generado nesse estado,<br />

com o passar do tempo, Paulo não quer <strong>de</strong> forma alguma que esta<br />

46 Vne sorte <strong>de</strong> banquets qui se faisoyent par chyarite.” – “Um tipo <strong>de</strong> banquete que era<br />

celebrado à guisa <strong>de</strong> amor.”<br />

47 “Premierement.” – “A princípio.”<br />

48 Supõe-se que é Plínio quem se refere à Αγαπαι (festas <strong>de</strong> amor) em sua 97ª carta a Trajano,<br />

na qual ele diz dos cristãos em Bitínia da qual era ele governador, que, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong><br />

examinados, afirmavam que, que <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> tomar seu sacramentum – “morem sibi disce<strong>de</strong>ndi<br />

fuisse, rursusque coëundi ad capiendum cibum, promiscuum tamen et innoxium.”<br />

– “era-lhes costumeiro afastar-se e reunir-se novamente com o intuito <strong>de</strong> comer juntos<br />

um repasto inocente.”<br />

49 “Agapas, c’est à dire Charitez.” – “Agapae, isto é, Amores.”<br />

50 “Par succession <strong>de</strong> temps.” – “Em processo <strong>de</strong> tempo.”<br />

51 “Qu’autrement.” – “Do que <strong>de</strong> outra maneira.”

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