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Comentário de 1 Coríntios

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338 • Comentário <strong>de</strong> 1 Coríntios<br />

Moisés em elevado conceito, ao ponto <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rá-lo como o mais renomado<br />

dos profetas, só porque ele saciou o estômago <strong>de</strong> vossos pais<br />

no <strong>de</strong>serto. Por isso ten<strong>de</strong>s esta única objeção contra mim, a saber:<br />

nada sou a vossos olhos, só porque não vos supri com abundância <strong>de</strong><br />

alimento para vosso estômago. Não obstante, se consi<strong>de</strong>rais o alimento<br />

perecível como algo tão valioso, o que ten<strong>de</strong>s, pois, a dizer sobre<br />

o pão que produz vida e nutre vossas almas para a vida eterna?” Vemos,<br />

pois, que o Senhor fala ali não segundo a natureza da coisa em<br />

si, mas, antes, segundo a compreensão <strong>de</strong> seus ouvintes. 11 Paulo, em<br />

contrapartida, aqui visualiza não a or<strong>de</strong>nança <strong>de</strong> Deus, mas o abuso<br />

<strong>de</strong>la pelos ímpios.<br />

Além do mais, quando diz que os pais comeram do mesmo pão<br />

espiritual, ele mostra, primeiramente, qual é a virtu<strong>de</strong> e a eficácia dos<br />

Sacramentos; e, em segundo lugar, <strong>de</strong>clara que os antigos sacramentos<br />

da lei tinham a mesma virtu<strong>de</strong> que os nossos hoje têm. Porque, se<br />

o maná fosse alimento espiritual, segue-se que o que nos é exibido nos<br />

Sacramentos não são meras formas externas [figuras nudas], senão<br />

que a realida<strong>de</strong> figurada é genuína e concomitantemente apresentada<br />

[rem figuratam simul vere dari]. Pois Deus não praticaria tamanha<br />

fraudulência ao ponto <strong>de</strong> nutrir-nos com vãs aparências [figmentis]. 12<br />

Um sinal [signum] é realmente um sinal, e retém sua própria substância<br />

[substantiam]. Mas, como os papistas, por um lado, são ridículos<br />

sonhadores <strong>de</strong> alguma sorte <strong>de</strong> transformação, assim também, por<br />

outro lado, não temos o direito <strong>de</strong> separar da figura a realida<strong>de</strong> [veritatem<br />

et figuram], as quais foi Deus quem uniu. Os papistas confun<strong>de</strong>m<br />

a realida<strong>de</strong> com o sinal externo [rem et signum]; os incrédulos, tais<br />

como Schwenkfeld e homens <strong>de</strong> sua estirpe, separam os sinais das realida<strong>de</strong>s<br />

[signa a rebus]. Preservemos uma posição mediana, 13 ou, seja:<br />

mantenhamos a conexão <strong>de</strong>signada pelo Senhor, porém, ao mesmo<br />

11 Veja-se a discussão <strong>de</strong> Calvino <strong>de</strong>ste tema no próprio comentário ao Evangelho <strong>de</strong> João,<br />

nesta passagem (João 6).<br />

12 “Choses qui ayent apparence sans effet.” – “Coisas que têm uma aparência <strong>de</strong>stituída <strong>de</strong><br />

realida<strong>de</strong>.<br />

13 “Entre ces <strong>de</strong>ux extremitez.” – “Entre estes dois extremos.”

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