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Comentário de 1 Coríntios

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Capítulo 15 • 535<br />

vivas <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> serem separadas <strong>de</strong> nossos corpos, então Paulo não<br />

teria dito que, se a ressurreição fosse eliminada, teríamos esperança<br />

somente nesta vida, visto que nossas almas teriam em si alguma<br />

sorte <strong>de</strong> felicida<strong>de</strong>. Minha resposta a esta questão é que o apóstolo<br />

não tinha em mente os campos Elíseos 42 nem algum outro disparatado<br />

absurdo <strong>de</strong>sse gênero, mas ele aponta para o indubitável fato <strong>de</strong> que<br />

os cristãos direcionam sua esperança inteiramente para o dia do Juízo<br />

Final; que as almas crentes, hoje, também se regozijam precisamente<br />

com a mesma expectativa; e, por essa razão, tudo estaria perdido para<br />

nós se uma segurança <strong>de</strong>ssa sorte nos fosse provada ser falsa.<br />

Por que, pois, nos disse ele que seríamos os mais miseráveis <strong>de</strong><br />

todos os homens, como se a sorte <strong>de</strong> um cristão fosse pior que a <strong>de</strong><br />

um incrédulo? “Tudo suce<strong>de</strong> igualmente a todos... ao justo e ao ímpio”,<br />

diz Salomão [Ec 9.2]. Replico que todos os homens, sejam eles bons ou<br />

maus, estão indubitável e igualmente expostos às mesmas calamida<strong>de</strong>s<br />

e experimentam as mesmas frustrações e os mesmos infortúnios;<br />

entretanto, há duas razões por que os cristãos sofrem mais, em todos<br />

os tempos; e há ainda outra razão que pertenceu peculiarmente ao<br />

tempo <strong>de</strong> Paulo.<br />

A primeira razão consiste em que, embora o Senhor pu<strong>de</strong>sse com<br />

mais freqüência castigar também os incrédulos com seus azorragues,<br />

e começar a exercer seus juízos contra eles, contudo, particularmente,<br />

ele cuida <strong>de</strong> afligir seu próprio povo, e isso <strong>de</strong> diferentes formas.<br />

Ele assim proce<strong>de</strong>, primeiramente, porque aqueles a quem ele ama<br />

também os disciplina; e, em segundo lugar, a fim <strong>de</strong> treiná-los na paciência,<br />

para provar sua obediência, ele os prepara, paulatinamente,<br />

viventes felicitatem cœlestem non consequantur; sed in tartara ad pænas solæ vel cum<br />

corporibus tan<strong>de</strong>m <strong>de</strong>trudantur.” – “Entretanto, <strong>de</strong> modo algum se segue disto, segundo<br />

as maquinações dos que acreditam que as almas dormem, que <strong>de</strong> fatos as almas dormem<br />

<strong>de</strong>pois da morte, ou que são reduzidas a nada juntamente com o corpo. Pois lemos<br />

que os incrédulos perecem no tocante a suas almas, não fisicamente, como se elas se<br />

<strong>de</strong>teriorassem e morressem, mas teologicamente, porque, embora vivam, não alcançam<br />

a felicida<strong>de</strong> celestial, mas são, por fim, lançadas no inferno para castigo, sozinhas ou<br />

juntamente com o corpo.”<br />

42 Descrito em maior extensão por Virgílio (Eneida, 6, 637-703).

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