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Comentário de 1 Coríntios

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Capítulo 15 • 561<br />

gênio não o rejeita como incrível, até mesmo como o mais extremo<br />

absurdo? 93 A fim <strong>de</strong> <strong>de</strong>sfazer este aparente absurdo, o apóstolo faz uso<br />

<strong>de</strong> antipófora, ou, seja, como se, através dos lábios <strong>de</strong> um oponente,<br />

ele fizesse uma objeção que aparentasse, à primeira vista, conflitar-se<br />

com a doutrina da ressurreição. Pois esta pergunta particular não é a<br />

<strong>de</strong> alguém que está perguntando por que ele nutre dúvida sobre como<br />

a ressurreição se dará, mas <strong>de</strong> alguém que <strong>de</strong>clara que não po<strong>de</strong> crer<br />

no que se ensina sobre a ressurreição, porque ela é algo que não é possível<br />

acontecer. Eis a razão por que, em sua réplica, o apóstolo refuta<br />

esse gênero <strong>de</strong> objeção com muita aspereza. Portanto, notemos bem<br />

que aqueles que são representados como a falarem aqui são pessoas<br />

que querem <strong>de</strong>s<strong>de</strong>nhar da convicção acerca da ressurreição, que dirigem<br />

gestos insultuosos, com base em sua suposta impossibilida<strong>de</strong>.<br />

36. Insensato! o que semeias. O apóstolo po<strong>de</strong>ria ter replicado,<br />

dizendo que, embora a forma como a ressurreição se dá é algo que vai<br />

além <strong>de</strong> nossa compreensão, para Deus, não obstante, não constitui<br />

problema algum. Conseqüentemente, não <strong>de</strong>vemos aqui formar nosso<br />

próprio juízo em concordância com nosso próprio entendimento, mas<br />

que a honra <strong>de</strong> crer <strong>de</strong>ve ser atribuída ao estupendo e secreto po<strong>de</strong>r<br />

<strong>de</strong> Deus, a saber: que se efetuará o que não po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong> forma alguma<br />

compreen<strong>de</strong>r.<br />

O apóstolo, porém, adota outro método. Pois ele mostra que,<br />

longe <strong>de</strong> a ressurreição ser contrária à natureza [naturae adversitur],<br />

po<strong>de</strong>mos ver um claro exemplo <strong>de</strong>la todos os dias <strong>de</strong> nosso viver, no<br />

processo da própria natureza, na forma como os frutos se <strong>de</strong>senvolvem.<br />

Pois on<strong>de</strong> os frutos que colhemos da terra têm sua origem, senão<br />

na <strong>de</strong>composição? Pois a semente, uma vez semeada, não germinará a<br />

não ser que o grão morra. Portanto, pelo fato <strong>de</strong> a <strong>de</strong>composição ser<br />

a origem e a causa da reprodução, temos aqui uma espécie <strong>de</strong> representação<br />

da ressurreição. Desse fato segue-se que nossa avaliação do<br />

po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> Deus longe está <strong>de</strong> ser <strong>de</strong>srespeitosa e ingrata, se apropriarmos<br />

<strong>de</strong>le o que já é evi<strong>de</strong>nte diante <strong>de</strong> nossos olhos.<br />

93 “Comme la plus gran<strong>de</strong> absurdite du mon<strong>de</strong>.” – “Como o maior absurdo do mundo.”

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