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Comentário de 1 Coríntios

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226 • Comentário <strong>de</strong> 1 Coríntios<br />

19. Ou não sabeis que vosso corpo. Paulo usa mais dois argumentos<br />

que provam que <strong>de</strong>vemos abster-nos <strong>de</strong>ssa imundícia. O primeiro<br />

é que “nossos corpos são templos do Espírito”; e o segundo é que não<br />

vivemos sob nossa própria jurisdição, visto que o Senhor nos adquiriu<br />

para si como sua proprieda<strong>de</strong> particular. Há uma ênfase implícita no<br />

uso do termo templo, pois, visto que o Espírito <strong>de</strong> Deus não po<strong>de</strong> permanecer<br />

num ambiente impuro, só nos tornamos sua moradia quando<br />

nos consagramos como seus templos [Sl 132.14]. Que gran<strong>de</strong> honra<br />

Deus nos confere em querer habitar em nós! Portanto, <strong>de</strong>vemos viver<br />

em pleno temor a fim <strong>de</strong> não o expulsarmos, e ele, por sua vez, nos<br />

abandone, irado com nossos atos sacrílegos. 48<br />

E que não sois <strong>de</strong> vós mesmos. Este é o segundo argumento, a<br />

saber: que não estamos a nossa própria disposição, vivendo segundo<br />

nosso bel-prazer. A razão que ele apresenta em prol <strong>de</strong>sse fato é que<br />

o Senhor já pagou o preço <strong>de</strong> nossa re<strong>de</strong>nção, e nos adquiriu para ele<br />

mesmo. Paulo, em termos similares, diz em Romanos 14.9: “Porque foi<br />

para isto que Cristo morreu e ressuscitou, para ser Senhor tanto dos<br />

mortos como dos vivos.”<br />

Ora, a palavra preço po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rada <strong>de</strong> duas formas: ou simplesmente<br />

entendê-la num sentido literal, quando comumente falamos<br />

<strong>de</strong> algo como tendo “um preço”, 49 quando <strong>de</strong>sejamos <strong>de</strong>ixar bem claro<br />

que não o obtemos <strong>de</strong> graça; ou quando usamos, em vez do advérbio<br />

τιμίως, “alto custo”, “muito caro”, quando costumamos <strong>de</strong>screver as<br />

coisas que nos custam um valor muito alto. Em minha opinião, não há<br />

dúvida <strong>de</strong> que o segundo é mais satisfatório. Pedro escreve em termos<br />

similares: “Sabendo que não foi com coisas corruptíveis, como prata<br />

ou ouro, que fostes resgatados <strong>de</strong> vossa vã maneira <strong>de</strong> viver. Mas com<br />

o precioso 50 sangue <strong>de</strong> Cristo, como <strong>de</strong> um cor<strong>de</strong>iro imaculado e in-<br />

48 “Par nos vilenies plenes <strong>de</strong> sacrilege.” – “Por nossas máculas, saturadas <strong>de</strong> sacrilégio.”<br />

49 Assim, ἐξευρίσκειν τιμη̑ς τι é empregado por escritores clássicos no sentido <strong>de</strong> obter algo<br />

por preço, isto é, por preço elevado. Veja-se Heródoto vii.119.<br />

50 Nosso autor evi<strong>de</strong>ntemente tem seus olhos voltados para o epíteto τιμίος (precioso),<br />

como usado pelo apóstolo Pedro, em referência ao sangue <strong>de</strong> Cristo – τιμίω αἱματι, ὡς<br />

ἀμνου ἀμώμου κ.τ.λ. – “precioso sangue, como <strong>de</strong> um Cor<strong>de</strong>iro sem mácula” etc.

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