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Comentário de 1 Coríntios

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364 • Comentário <strong>de</strong> 1 Coríntios<br />

Há quem consi<strong>de</strong>re <strong>de</strong>mônios [dæmones], neste contexto, como<br />

sendo os <strong>de</strong>uses imaginários dos gentios, visto que estes geralmente<br />

falam <strong>de</strong>les [seus ídolos] neste sentido. Pois quando usavam o<br />

termo <strong>de</strong>mônios, sua referência era aos <strong>de</strong>us menores, tais como os<br />

heróis, 65 e assim para eles o termo produzia um bom sentido. Platão,<br />

numa varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> exemplos, emprega o termo para <strong>de</strong>notar genii<br />

ou anjos. 66 Tal conceito, contudo, se acha em completa discordância<br />

com o que Paulo tinha em mente, pois ele preten<strong>de</strong> mostrar quão<br />

grave pecado é tomar parte em qualquer prática que leve óbvias características<br />

<strong>de</strong> ser culto aos ídolos. Portanto, o que ele pretendia<br />

não era propriamente minimizar, mas realçar o quanto possível a<br />

<strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>ração para com Deus envolvida nele. Quão ina<strong>de</strong>quado,<br />

pois, teria sido usar um termo <strong>de</strong>notando honra com vistas a acobertar<br />

uma perversida<strong>de</strong> da mais elevada categoria! Certamente proce<strong>de</strong><br />

do profeta Baruque [4.7] que todas as coisas que são sacrificadas aos<br />

ídolos, na verda<strong>de</strong> são sacrificadas aos <strong>de</strong>mônios [diabolis, Dt 32.17;<br />

Sl 96.5]. Naquela passagem dos escritos do profeta, a tradução grega,<br />

que naquele tempo era <strong>de</strong> uso comum, traz a palavra δαιμόνια [dæmonia],<br />

e este é seu uso comum na Escritura. É muito mais provável,<br />

pois, que Paulo tivesse emprestado suas palavras do profeta a fim <strong>de</strong><br />

expressar a enormida<strong>de</strong> do mal, em vez <strong>de</strong>, expressando-se segundo<br />

o costume pagão, ele teria externado o que pretendia reforçar com a<br />

mais extrema execração!<br />

Não obstante, tudo isso po<strong>de</strong> parecer conflitante com o que<br />

acabei <strong>de</strong> afirmar, ou, seja, que Paulo tinha em mira a intenção dos<br />

adoradores, porquanto a intenção <strong>de</strong>les não era adorar <strong>de</strong>mônios, e,<br />

sim, divinda<strong>de</strong>s imaginárias, <strong>de</strong> sua própria invenção. Minha resposta<br />

65 “Ils entendoyent ceux qui estans hommes <strong>de</strong> grand renom, auoyent este faits dieux.” –<br />

“Queria significar aqueles que, sendo homens <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> renome, foram convertidos em<br />

<strong>de</strong>uses.”<br />

66 Os seguintes exemplos po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>duzidos <strong>de</strong> Platão: “Todo <strong>de</strong>mônio mantém um lugar<br />

intermédio entre Deus e o homem mortal”; Deus não mantém diálogo direto com o<br />

homem, mas toda comunicação e relação são mantidas entre os <strong>de</strong>uses e os homens por<br />

meio dos <strong>de</strong>mônios”; um <strong>de</strong>mônio é um intérprete e repórter dos homens aos <strong>de</strong>uses e<br />

dos <strong>de</strong>uses aos homens.”

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