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Comentário de 1 Coríntios

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464 • Comentário <strong>de</strong> 1 Coríntios<br />

Em primeiro lugar, ainda que o amor dure para sempre, não se<br />

conclui necessariamente que ele esteja (segundo a expressão) em<br />

constante exercício. Porque, o que nos impediria <strong>de</strong> afirmar que<br />

os santos, vivendo agora no usufruto <strong>de</strong> sua paz e <strong>de</strong>scanso, não<br />

exercem amor nos ofícios da presente vida? 20 E pergunto: que incongruência<br />

os papistas vêem nisto? Em segundo lugar, se eu fosse<br />

afirmar que não é o ofício perpétuo do amor fazer intercessão pelos<br />

irmãos, como provariam o contrário? Para que uma pessoa interceda<br />

por outra é necessário que esteja bem familiarizada com suas<br />

necessida<strong>de</strong>s. Se nos é permitido arriscar uma conjetura acerca do<br />

estado dos mortos, é uma suposição mais provável que os santos<br />

falecidos ignorem o que se passa por aqui, do que estão cônscios<br />

<strong>de</strong> nossas necessida<strong>de</strong>s. É verda<strong>de</strong> que os papistas imaginam que<br />

as almas vêem o mundo todo no reflexo da luz que <strong>de</strong>sfrutam na<br />

presença <strong>de</strong> Deus. Não obstante, esta é uma suposição ímpia e totalmente<br />

pagã, a qual traz mais laivos da teologia egípcia do que<br />

concordância com o pensamento cristão. Portanto, à luz da ignorância<br />

dos santos no tocante a nossas circunstâncias, suponhamos que<br />

eu dissesse que não estão preocupados conosco, que argumento os<br />

papistas me apresentariam a fim <strong>de</strong> me forçarem a abandonar meu<br />

ponto <strong>de</strong> vista? Na suposição <strong>de</strong> que eu sustentasse que se acham<br />

tão ocupados e absortos, por assim dizer, com a visão <strong>de</strong> Deus, que<br />

não conseguem pensar absolutamente em nada mais, como provarão<br />

que este não é um ponto <strong>de</strong> vista lógico? Suponhamos que eu<br />

dissesse mui explicitamente que a eternida<strong>de</strong> do amor, <strong>de</strong> que o<br />

apóstolo faz referência aqui, virá a ser <strong>de</strong>pois do Último Dia, e que<br />

não tem absolutamente nada a ver com o período intermediário?<br />

Suponhamos que eu dissesse que a responsabilida<strong>de</strong> pela intercessão<br />

mútua foi confiada única e exclusivamente aos vivos, que ora<br />

peregrinam pelo mundo, e que, por essa razão, não envolve absolutamente<br />

os mortos?<br />

20 “En secourant et aidant presentement à ceux qui sont en ce mon<strong>de</strong>.” – “Em presentemente<br />

socorrer e ajudar os que estão neste mundo.”

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