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Comentário de 1 Coríntios

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Capítulo 14 • 485<br />

interpretação. Mais que isto, na verda<strong>de</strong> o termo parece ter sido repetido<br />

com muita freqüência à guisa <strong>de</strong> concessão. Pois os coríntios se<br />

orgulhavam daquela condição louvável que o apóstolo permitiu que<br />

tivessem; ele, porém, por outro lado, põe em relevo quão arriscado<br />

seria fazer mau uso 24 <strong>de</strong> algo bom e excelente. É como se dissesse:<br />

“Vós vos vangloriais, a mim, <strong>de</strong>sse vosso espírito, mas, a troco <strong>de</strong> quê,<br />

se ele não passa <strong>de</strong> algo sem valor?” Esta é a razão por que sou levado<br />

a concordar com o raciocínio <strong>de</strong> Crisóstomo sobre esta palavra, pois<br />

ele lhe aplica o mesmo significado que ela vem tendo, a saber: um dom<br />

espiritual. Assim, meu espírito significará exatamente “o dom a mim<br />

conferido”. 25<br />

Aqui, porém, surge uma nova questão, pois é incrível (pelo menos<br />

nunca lemos <strong>de</strong> algum caso) que houvesse alguém que falasse,<br />

pela influência do Espírito, uma língua que ele mesmo <strong>de</strong>sconhecia.<br />

Porquanto o dom <strong>de</strong> línguas não foi concedido meramente com o propósito<br />

<strong>de</strong> produzir algum ruído, mas certamente com o propósito <strong>de</strong><br />

comunicar algo. Pois quão risível teria sido que a língua <strong>de</strong> um romano<br />

fosse dirigida pelo Espírito <strong>de</strong> Deus a pronunciar palavras gregas,<br />

quando ele mesmo não tinha qualquer conhecimento <strong>de</strong> grego. Ele se<br />

assemelharia a papagaios, os quais po<strong>de</strong>m ser treinados pelo ser humano<br />

a emitir sons humanos! Mas se alguém era dotado com o dom<br />

<strong>de</strong> línguas e falava <strong>de</strong> forma simples e inteligível, então teria sido estranho<br />

que Paulo falasse <strong>de</strong> “o espírito ora, porém o entendimento fica<br />

infrutífero”, pois o entendimento <strong>de</strong>ve agir em sintonia com o espírito.<br />

Minha resposta a esta questão é a seguinte: à guisa <strong>de</strong> ilustração,<br />

o apóstolo está levando em conta uma situação pura e simplesmente<br />

hipotética, ou, seja: “Se o dom <strong>de</strong> línguas for algo discrepante do entendimento,<br />

<strong>de</strong> modo que quem fala é bárbaro para si mesmo, tanto<br />

quanto para outros, que bem estaria ele fazendo ao balbuciar <strong>de</strong>ssa<br />

24 “Quel danger il y a, quand on abuse.” – “Que risco há, quando alguém abusa.”<br />

25 “O que o apóstolo tem em mente por τὸ πνευ̑μα μου (meu espírito) não é nem o Espírito<br />

Santo agilizando-o a falar, nem algum dote espiritual com que ele foi dotado; mas, como a<br />

frase significa em outras passagens em que ela ocorre [Rm 1.9; 1Co 5.3; 2Tm 4.22; Fm 25],<br />

sua própria mente, com que ele se engajara no serviço.

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