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Comentário de 1 Coríntios

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Capítulo 10 • 359<br />

integralmente genuíno que os cristãos conservam. É verda<strong>de</strong> que tudo<br />

quanto comemos é igualmente santificado pela Palavra <strong>de</strong> Deus, como<br />

Paulo mesmo nos ensina em 1 Timóteo 4.5. Neste contexto, porém, a<br />

bênção tem um propósito distinto, a saber: para que o uso das dádivas<br />

divinas seja puro e sirva à glória <strong>de</strong> seu Doador e a nosso próprio<br />

bem. Em contrapartida, o objetivo da bênção mística na Ceia é que o<br />

vinho não seja mais uma bebida ordinária, e, sim, seja separado como<br />

o alimento espiritual <strong>de</strong> nossas almas, ao transformar-se num penhor<br />

[tessera] do sangue <strong>de</strong> Cristo.<br />

Ele afirma que o cálice abençoado <strong>de</strong>sta forma é coinonia<br />

[κοινωνίαν], uma comunhão no sangue <strong>de</strong> Cristo. “O que isso significa<br />

exatamente?” – perguntaria alguém. Exclua daqui a controvérsia,<br />

e tudo se fará plenamente claro! É verda<strong>de</strong> que os crentes são estreitados<br />

pelo sangue <strong>de</strong> Cristo, <strong>de</strong> modo a se tornarem um só corpo.<br />

É verda<strong>de</strong> também que tal união é a<strong>de</strong>quadamente <strong>de</strong>nominada <strong>de</strong><br />

comunhão [κοινωνία]. Dir-se-ia também o mesmo sobre o pão. Além<br />

do mais, estou atento ao que Paulo adiciona logo a seguir, à guisa <strong>de</strong><br />

explicação, ou, seja: “todos nós somos feitos um só corpo, porque participamos,<br />

juntos, do mesmo pão.” Mas, pergunto eu, qual é a fonte<br />

<strong>de</strong>ssa coinonia ou comunhão, que existe entre nós, senão que estamos<br />

unidos a Cristo <strong>de</strong> tal sorte que “somos carne <strong>de</strong> sua carne e osso <strong>de</strong><br />

seus ossos”? [Ef 5.30.] Pois é indispensável que sejamos, igualmente,<br />

unidos uns aos outros. Além disso, Paulo aqui não está discutindo uma<br />

mera comunhão humana [non tantum <strong>de</strong> mutua inter homines communicatione],<br />

e, sim, a união espiritual entre Cristo e os crentes [sed <strong>de</strong><br />

spirituali Christi et fi<strong>de</strong>lium unione], a fim <strong>de</strong> fazer evi<strong>de</strong>nte que é um<br />

intolerável sacrilégio tornarem-se eles contaminados pela comunhão<br />

com os ídolos. À luz do contexto <strong>de</strong>ste versículo po<strong>de</strong>mos, pois, concluir<br />

que coinonia ou comunhão no sangue é a aliança [societatem] que<br />

temos com o sangue <strong>de</strong> Cristo quando este nos enxerta, a todos nós,<br />

em seu corpo, a fim <strong>de</strong> que possa viver em nós e nós nele.<br />

Ora, <strong>de</strong>veras concordo que a referência ao cálice como comunhão<br />

é uma figura <strong>de</strong> linguagem, porém só até on<strong>de</strong> a verda<strong>de</strong> que a figura

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