20.05.2014 Views

Comentário de 1 Coríntios

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

412 • Comentário <strong>de</strong> 1 Coríntios<br />

em sua forma mais cruel, não se po<strong>de</strong> dizer que seus ossos saíssem<br />

ilesos. Eis o que Paulo preten<strong>de</strong> com o termo quebrado. Esta contudo é<br />

a segunda parte da promessa, e ela não <strong>de</strong>ve ser passada por alto. Pois<br />

o Senhor não nos oferece seu corpo, só seu corpo e nada mais além<br />

<strong>de</strong>le, porém seu corpo como tendo sido sacrificado em nosso favor. A<br />

primeira parte, pois, nos diz que seu corpo nos foi comunicado; esta<br />

segunda parte <strong>de</strong>clara que <strong>de</strong>sfrutamos <strong>de</strong>le, ou, seja, nossa participação<br />

na re<strong>de</strong>nção e na aplicação do benefício <strong>de</strong> seu sacrifício. Esta é a<br />

razão por que a Ceia é um espelho a nos refletir o Cristo crucificado,<br />

<strong>de</strong> modo que uma pessoa não po<strong>de</strong> receber a Ceia e <strong>de</strong>sfrutar <strong>de</strong> seus<br />

benefícios, a menos que abrace o Cristo crucificado.<br />

Fazei isto em memória <strong>de</strong> mim. A Ceia, pois, é um memorial<br />

(μνημόσυνον) 80 <strong>de</strong>signado com o fim <strong>de</strong> assistir-nos em nossas fraquezas;<br />

porque, se <strong>de</strong> outra forma estivéssemos suficientemente imbuídos<br />

da morte <strong>de</strong> Cristo, este auxílio seria <strong>de</strong> todo supérfluo. Isto se aplica<br />

a todos os Sacramentos, porquanto eles nos ajudam em nossas fraquezas.<br />

No entanto logo <strong>de</strong>scobriremos que sorte <strong>de</strong> memorial <strong>de</strong> si<br />

mesmo Cristo queria que conservássemos na Ceia.<br />

Alguns extraem uma inferência <strong>de</strong>sta frase, dizendo que, nestas<br />

circunstâncias, Cristo não está presente na Ceia, visto que não po<strong>de</strong><br />

haver memorial [memoria] <strong>de</strong> algo [ou alguém] que se acha ausente.<br />

Isso po<strong>de</strong> ser facilmente respondido: segundo esse raciocínio sobre a<br />

Ceia como recordação [recordatio], Cristo realmente está ausente <strong>de</strong>la.<br />

Pois ele não se acha presente visivelmente, e nem é visto por nossos<br />

olhos como vemos os símbolos, os quais, por representá-lo, nos<br />

estimulam a lembrar-nos <strong>de</strong>le. Finalmente, a fim <strong>de</strong> estar presente conosco,<br />

ele não <strong>de</strong>ixa seu lugar, senão que, do céu, nos envia a eficácia<br />

<strong>de</strong> sua carne para estar presente em nós. 81<br />

80 É digno <strong>de</strong> nota que nosso autor fez uso do mesmo termo grego (quando comenta 1Co 5.8)<br />

em referência à Páscoa, a qual se <strong>de</strong>stinava, em parte, a ser um memorial (μνημόσυνον).<br />

O termo é ocorrência freqüente, no mesmo sentido, em Heródoto e, ocasionalmente, em<br />

outros autores clássicos.<br />

81 “Du ciel il fait <strong>de</strong>scouler sur nous la vertu7 <strong>de</strong> sa chair presentement et vrayement.” – “Ele faz<br />

com que a virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua carne seja <strong>de</strong>rramada sobre nós do céu presente e verda<strong>de</strong>iramente.”

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!