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Comentário de 1 Coríntios

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Capítulo 7 • 277<br />

perguntar-se se era humano permitir que suas filhas se envolvessem<br />

em tanta infelicida<strong>de</strong>, uma vez que po<strong>de</strong>ria parecer que eram os responsáveis<br />

pelo infortúnio <strong>de</strong>las. Pois quanto mais profunda fosse sua<br />

afeição por suas filhas, mais ansiosos <strong>de</strong>veriam viver por sua sorte<br />

quanto a qualquer coisa que lhes viesse suce<strong>de</strong>r. 67 Paulo, pois, a fim<br />

<strong>de</strong> poupá-los <strong>de</strong>ssas dificulda<strong>de</strong>s, ensina que o <strong>de</strong>ver dos pais é cuidar<br />

dos interesses <strong>de</strong> suas filhas, precisamente como alguém que se sente<br />

responsável por si próprio se vê obrigado a correr após seus próprios<br />

interesses. 68 Ele, porém, conserva a distinção que vem fazendo durante<br />

todo o tempo. De um lado, ele recomenda o celibato; do outro,<br />

porém, permite que o matrimônio seja uma matéria <strong>de</strong> livre escolha.<br />

Além do mais, ele consi<strong>de</strong>ra o matrimônio como um antídoto contra a<br />

incontinência, e é um erro negá-lo a alguém que <strong>de</strong>le carece. Na primeira<br />

parte <strong>de</strong>sta seção, Paulo fala em dar as filhas em casamento. Nela<br />

ele assevera que os pais que chegam à conclusão <strong>de</strong> que a vida solteira<br />

não é a<strong>de</strong>quada a suas filhas, não pecam em dá-las em casamento.<br />

Seu uso do termo ἀσχημονει̑ν (ser inconveniente) <strong>de</strong>ve ser entendido<br />

como uma referência a uma proprieda<strong>de</strong> especial <strong>de</strong> aptidão, a<br />

qual <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do que é natural a cada pessoa. Porquanto existe uma<br />

proprieda<strong>de</strong> geral que os filósofos consi<strong>de</strong>ram como sendo um aspecto<br />

da temperança. Esse fator pertence igualmente a todos. Existe outra<br />

que é especial, visto que o que é a<strong>de</strong>quado a uma pessoa po<strong>de</strong> não<br />

ser conveniente a outra. Portanto, cada indivíduo precisa saber (como<br />

diz Cícero) qual é a parte [quam personam] que a natureza lhe <strong>de</strong>signou.<br />

69 O celibato po<strong>de</strong>rá ser conveniente a uma pessoa, porém não se<br />

<strong>de</strong>ve usar o mesmo critério com outras. 70 Além do mais, outros não<br />

67 “Tant plus ils craignent qu’il ne leur adviene quelque inconvenient, et tanto plus sont ils<br />

diligens à se donner gar<strong>de</strong> pour eux.” – “Tanto mais <strong>de</strong>veriam temer que não se <strong>de</strong>parassem<br />

com qualquer inconveniência, e tanto mais cuidadosos <strong>de</strong>veriam ser sobre seu<br />

bem-estar.”<br />

68 “Quand il n’est point sous la puissance d’autruy.” – “Quando ele não está <strong>de</strong>baixo do<br />

po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> outro.”<br />

69 “La condition et propriete que nature luy a donnee.” – “A condição e a proprieda<strong>de</strong> que a<br />

natureza lhe <strong>de</strong>signou.” Ver Cic. <strong>de</strong> Off. I.28.<br />

70 “Comme on dit.” – “Como dizem.”

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