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Comentário de 1 Coríntios

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320 • Comentário <strong>de</strong> 1 Coríntios<br />

17. Se o faço <strong>de</strong> livre vonta<strong>de</strong>. O galardão, a que me refiro aqui,<br />

é o que o latim chama operae premium, “o prêmio do esforço”, 16 e do<br />

qual falei antes como sendo a base da glória. Há quem o explique <strong>de</strong><br />

outra forma: que um prêmio é oferecido a todos quantos levam a bom<br />

termo seu trabalho fiel e sinceramente. Eu pessoalmente entendo “o<br />

homem que age <strong>de</strong> sua livre vonta<strong>de</strong>” como sendo aquele que sente<br />

tanto entusiasmo e transparência em seu <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> instruir a outrem,<br />

que nada mais lhe interessa que não vise ao serviço da Igreja. Da mesma<br />

forma, ele preten<strong>de</strong> com “<strong>de</strong> má vonta<strong>de</strong>”, por outro lado, os que<br />

agem por necessida<strong>de</strong> premente, mas que o fazem <strong>de</strong> má vonta<strong>de</strong> visto<br />

que isso conflita-se com o que realmente <strong>de</strong>sejava. Pois sempre suce<strong>de</strong><br />

que o homem que assume alguma tarefa com zelo e está também<br />

disposto a submeter-se a qualquer situação, a negligência significaria<br />

obstruir a concretização da obra. Assim Paulo, que fazia as coisas<br />

espontaneamente, que não tinha o hábito <strong>de</strong> ensinar meramente <strong>de</strong><br />

maneira formal, fazia uso <strong>de</strong> tudo que imaginasse ser a<strong>de</strong>quado para<br />

corroborar e promover seu ensino. Este, pois, era seu “prêmio pelo<br />

trabalho” e seu motivo <strong>de</strong> gloriar-se, ou, seja, que prontamente se privara<br />

<strong>de</strong> seu direito, pois <strong>de</strong>votava ao que fazia com espontaneida<strong>de</strong> e<br />

real solicitu<strong>de</strong>.<br />

Mas se o fizer <strong>de</strong> má vonta<strong>de</strong>, uma dispensação me está confiada.<br />

Seja como for que outros expliquem estas palavras, o verda<strong>de</strong>iro<br />

significado, a meu ver, é que o serviço <strong>de</strong> um homem, que é feito <strong>de</strong><br />

mau grado e, por assim dizer, contra sua vonta<strong>de</strong>, é totalmente inacei-<br />

16 “Ce que nous appelons chef-d’œuure.” – “O que chamamos uma obra-prima.” A frase<br />

idiomática, operæ pretium, é extraordinariamente empregada pelos escritores clássicos<br />

no sentido <strong>de</strong> algo <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> importância ou vale a pena. Assim, Livy, em seu Prefácio,<br />

diz: “facturusne operæ pretium sim.” – “Se estou para fazer uma obra <strong>de</strong> importância”; e<br />

Cícero (Cat. iv.8) diz: “Operæ pretium est.” – “Vale a pena.” Calvino, contudo, parece fazer<br />

uso da frase aqui num sentido mais perto <strong>de</strong> sua significação original e literal – recompensa<br />

pelo labor –, o que amplamente recompensava a renúncia que ele tinha exercido<br />

– consistindo na satisfação peculiar propiciando sua mente a refletir sobre a parte que<br />

ele tomara. O termo usado por ele em sua tradução francesa – chef-d’œjuure [obra-prima]<br />

correspon<strong>de</strong> à frase latina, operæ pretium, neste aspecto, que uma obra-prima é uma obra<br />

que o artista ou operário bem sucedido avalia, e na qual ele sente satisfação, como amplamente<br />

recompensando as dores suportadas.

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