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Comentário de 1 Coríntios

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418 • Comentário <strong>de</strong> 1 Coríntios<br />

sim dizer. Tampouco Agostinho quis algo mais que isso quando disse<br />

que os ímpios recebem Cristo meramente no sacramento [sacramento<br />

tenus] o que ele expressa mais claramente em outro lugar, quando diz<br />

que os <strong>de</strong>mais apóstolos comeram o pão – o Senhor [panem Dominum];<br />

Judas, porém, apenas o pão do Senhor [panem Domini]. 90<br />

Mas a objeção aqui apresentada é que a eficácia dos Sacramentos<br />

não <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da dignida<strong>de</strong> humana, e que as promessas <strong>de</strong> Deus<br />

não são <strong>de</strong> maneira alguma comunicadas nem <strong>de</strong>struídas pela malda<strong>de</strong><br />

humana. Concordo com isso, e por essa mesma razão digo mais,<br />

e em termos bem explícitos, que o corpo <strong>de</strong> Cristo é oferecido aos<br />

maus tanto quanto aos bons, e que tudo isso é requerido no que diz<br />

respeito ao efeito do sacramento e da fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Deus. Porque,<br />

na Ceia Deus não ludibria o ímpio através <strong>de</strong> mera representação do<br />

corpo <strong>de</strong> seu Filho, mas realmente o faz válido para eles; e o pão não<br />

lhes é um sinal vazio, mas um penhor [tessera] da fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> divina.<br />

Sua rejeição em sentido algum prejudica ou altera a natureza do sacramento.<br />

Devemos ainda enfrentar uma objeção oriunda do que Paulo diz<br />

nesta passagem. “Ele apresenta os indignos como sendo culpados, visto<br />

que não discernem o corpo do Senhor; segue-se que recebem seu<br />

corpo.” Eu nego tal inferência; porque, embora a rejeitem, contudo,<br />

como a profanam e a tratam com <strong>de</strong>sonra quando lhes é apresentada,<br />

merecidamente são tidos como culpados, porquanto a lançam,<br />

por assim dizer, no chão e a pisam sob seus pés. Um sacrilégio <strong>de</strong>ssa<br />

proporção é algo trivial? Por isso não vejo dificulda<strong>de</strong> nas palavras <strong>de</strong><br />

Paulo, contanto que se tenha em vista o que Deus apresenta e sustenta<br />

aos ímpios – não no que eles recebem.<br />

28. Assim, prove o homem a si mesmo. A seguinte exortação é extraída<br />

da ameaça que ele pronunciou. “Se os que comem indignamente<br />

são culpados do corpo e do sangue do Senhor, então que ninguém<br />

se aproxime da mesa sem antes estar <strong>de</strong>vidamente preparado. Que<br />

90 Este célebre dito <strong>de</strong> Agostinho (que ocorre na Hom. em João 62) é citado também nas<br />

Institutas, on<strong>de</strong> nosso autor compendia em gran<strong>de</strong> extensão o tema aqui discutido.

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