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Comentário de 1 Coríntios

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Capítulo 7 • 241<br />

ção <strong>de</strong> <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r o celibato, o qual tem sido a raiz e a causa <strong>de</strong> males<br />

tremendos, nunca teria logrado sucesso no mundo. Aqui Paulo faz sobejamente<br />

evi<strong>de</strong>nte que nem todos <strong>de</strong>sfrutam <strong>de</strong> livre escolha neste<br />

sentido, visto que a virginda<strong>de</strong> é um dom especial, o qual não é outorgado<br />

a todos indiscriminadamente. E ele não está afirmando nada<br />

diferente do que afirmou o próprio Cristo, quando diz que nem “todos<br />

os homens têm a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> receber esta palavra” [Mt 19.11].<br />

Paulo, portanto, é aqui intérprete das palavras <strong>de</strong> nosso Senhor, ao<br />

afirmar que a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> viver fora do estado conjugal não é concedida<br />

a todos.<br />

E o que tem acontecido sempre? Todos, sem qualquer tirocínio<br />

quanto a sua própria capacida<strong>de</strong>, têm procurado agradar a si próprios,<br />

fazendo um voto <strong>de</strong> perpétua castida<strong>de</strong>. E não só as pessoas comuns<br />

e sem cultura têm cometido esse erro. Pois eminentes doutores, os<br />

quais sinceramente têm aprovado a virginda<strong>de</strong>, e ao mesmo tempo<br />

que passam por alto a fragilida<strong>de</strong> da natureza humana, têm <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>rado<br />

esta advertência <strong>de</strong> Paulo – sim, do próprio Cristo. Jerônimo,<br />

levado por um zelo cego não sei <strong>de</strong> que natureza, não simplesmente<br />

fracassa, mas se lança <strong>de</strong> ponta cabeça nesses falsos conceitos.<br />

Concordo que a virginda<strong>de</strong> é um dom admirável, porém não se <strong>de</strong>ve<br />

esquecer que ele não passa <strong>de</strong> um dom. Que ouçam também o que<br />

Cristo e Paulo dizem, isto é, que nem todos o recebem, senão apenas<br />

uns poucos. Portanto, que ninguém faça um voto precipitado se não<br />

está em seu próprio po<strong>de</strong>r controlar-se, o qual não se obtém como um<br />

dom, caso alguém se esqueça <strong>de</strong> sua vocação e aspire algo que esteja<br />

fora <strong>de</strong> seus limites fazê-lo.<br />

Não obstante, os antigos igualmente erraram na importância que<br />

davam à virginda<strong>de</strong>, porque a exaltavam como se fosse a mais excelente<br />

<strong>de</strong> todas as virtu<strong>de</strong>s, e a <strong>de</strong>sejavam que fosse consi<strong>de</strong>rada como<br />

um meio <strong>de</strong> prestar culto a Deus. 22 Mesmo nisto há um danoso erro;<br />

e então vem a lume outro, porque, <strong>de</strong>pois que o celibato começou a<br />

22 “Comme vn service agreable à Dieu.” – “Como um serviço agradável a Deus.”

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