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Comentário de 1 Coríntios

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Capítulo 1 • 67<br />

seria tomada com preconceito com base no fato <strong>de</strong> que os sábios <strong>de</strong>ste<br />

mundo o vêem com <strong>de</strong>scaso, para não dizer com zombaria. Pois é evi<strong>de</strong>nte,<br />

à luz das palavras dos profetas, que a opinião <strong>de</strong>les é reputada<br />

como nada sendo aos olhos <strong>de</strong> Deus. As palavras acima são tomadas<br />

<strong>de</strong> Isaías 29.14, on<strong>de</strong> o Senhor ameaça que se vingará da hipocrisia do<br />

povo com esse gênero peculiar <strong>de</strong> castigo, ou, seja: que “a sabedoria<br />

dos sábios perecerá” etc. Ora, isso se aplica à situação com que Paulo<br />

está lidando, da seguinte forma: “Não é novo nem fora do comum que<br />

homens, que parecem em outros aspectos ser eminentes pela sabedoria,<br />

formem juízos totalmente absurdos. Pois o Senhor tem por hábito<br />

<strong>de</strong> punir <strong>de</strong>sta maneira a arrogância daqueles que confiam em sua própria<br />

habilida<strong>de</strong> natural e preten<strong>de</strong>m ser seus próprios guias e os <strong>de</strong><br />

outras pessoas. Foi assim que ele, certa vez, <strong>de</strong>struiu a sabedoria dos<br />

lí<strong>de</strong>res <strong>de</strong> Israel. Se tal suce<strong>de</strong>u àquele povo, cuja sabedoria as <strong>de</strong>mais<br />

nações tiveram ocasião <strong>de</strong> admirar, o que virão a ser as <strong>de</strong>mais?<br />

Entretanto, <strong>de</strong>vemos comparar as palavras do profeta com as <strong>de</strong><br />

Paulo, e examinar toda a questão ainda mais estreitamente. Deveras<br />

o profeta usa verbos neutros quando diz que “a sabedoria perecerá e<br />

a prudência se <strong>de</strong>svanecerá”, quando Paulo os transpõe para a forma<br />

ativa, fazendo Deus o sujeito, contudo concordam perfeitamente em<br />

significado. Pois Deus <strong>de</strong>monstra que ele executará esta gran<strong>de</strong> maravilha,<br />

para que todos sejam postos em espanto. Assim, “a sabedoria<br />

perece”, mas é através do ato <strong>de</strong>struidor do Senhor; “a sabedoria se<br />

<strong>de</strong>svanece”, mas é pelo ato do Senhor em cobri-la e extingui-la. Ora, o<br />

segundo verbo, αθετει̑ν, o qual Erasmo traduz por reiicere [rejeitar], é<br />

ambíguo e às vezes é tomado no sentido <strong>de</strong> extinguir (<strong>de</strong>lere), ou riscar<br />

(expungere), ou obliterar [obliterare]. Este é o sentido em que prefiro<br />

tomá-lo, para fazê-lo correspon<strong>de</strong>r à palavra do profeta: <strong>de</strong>svanecer ou<br />

estar oculto [<strong>de</strong>saparecer]. Ao mesmo tempo, há outra razão que teve<br />

uma influência mais forte em mim, 47 a saber, a idéia <strong>de</strong> rejeição não se<br />

47 “Combien que j’aye vne raixon encore plus valable, qui m’a induit à changer ceste translation.”<br />

– “Ao mesmo tempo, tenho uma razão ainda mais forte que me tem induzido a<br />

alterar esta tradução.”

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