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Helena Margarida Guerra de Oliveira Rodeiro A expressão da ...

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Análise semântico-temporal dos tempos verbais do português no discurso indirecto<br />

As formas do mais-que-perfeito <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m amplamente <strong>da</strong>s relações contextuais em<br />

que se inserem na medi<strong>da</strong> em que ME não é um ponto <strong>de</strong> ancoragem suficiente para<br />

localizarmos um evento configurado pelo PMPS. No entanto, do contexto não <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m<br />

possíveis valores semânticos que a forma verbal po<strong>de</strong> adquirir uma vez que, tal como<br />

verificámos, as interpretações permiti<strong>da</strong>s pouco ou na<strong>da</strong> variam em termos <strong>de</strong> significação.<br />

Relativamente à compatibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s sequências temporais consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong>s face à regra<br />

formula<strong>da</strong> por Comrie, consi<strong>de</strong>ramos que, sendo o PMPS claramente um tempo <strong>de</strong><br />

passado, a forma <strong>de</strong> FP a seguir ao predicado “<strong>de</strong>ra a enten<strong>de</strong>r” (exemplo 67) aponta para<br />

um sentido mo<strong>da</strong>l hipotético e para um valor temporal <strong>de</strong> futuro face a MEO. A forma<br />

correspon<strong>de</strong>nte em DD seria o FS ou o PRInd, com ancoragem directa a ME e com a<br />

mesma interpretação semântico-temporal, mu<strong>da</strong>ndo apenas a perspectiva. Relativamente<br />

aos dois exemplos seguintes, o PMPS transpõe formas verbais <strong>de</strong> PPS, sendo a<br />

interpretação idêntica à que se verificou com contextos semelhantes com PMPC.<br />

2.3.8. O FP no DI<br />

2.3.8.1. Consi<strong>de</strong>rações Iniciais<br />

O FP ou COND ocorre, tal como nos é permitido verificar, apenas ao nível <strong>da</strong><br />

oração subordina<strong>da</strong>, com um total <strong>de</strong> 14 enunciados. Sendo um tempo verbal <strong>de</strong>rivado do<br />

INFP, acrescido <strong>da</strong> terminação –ria, procuraremos, antes <strong>de</strong> mais, <strong>de</strong>finir o comportamento<br />

semântico-temporal <strong>de</strong>sta forma, partindo <strong>da</strong> noção <strong>de</strong> que o seu posicionamento no sistema<br />

verbal português é, não é unânime, tendo em conta as hesitações em classificá-la como<br />

tempo ou modo, tal como a bibliografia consulta<strong>da</strong> <strong>de</strong>monstra.<br />

Comecemos por consi<strong>de</strong>rar a perspectiva <strong>de</strong> Said Ali (1964) e Cunha & Cintra<br />

(1997), que <strong>de</strong>finem o FP como um tempo verbal e não um modo. A Gramática Histórica<br />

<strong>da</strong> Língua Portuguesa classifica o emprego <strong>de</strong> FP como “futuro problemático”, apontando<br />

para empregos <strong>de</strong> carácter mo<strong>da</strong>l que traduzem perplexi<strong>da</strong><strong>de</strong>, incerteza ou permitem<br />

remeter para estados <strong>de</strong> coisas que não correspon<strong>de</strong>m a expectativas anteriores. Acresce<br />

ain<strong>da</strong> a utilização <strong>de</strong> FP como sinónimo do “modo potencial” na expressão <strong>de</strong> incerteza e<br />

dúvi<strong>da</strong> sobre a concretização <strong>de</strong> eventos futuros. (Said Ali 1964: 320s). Na Nova Gramática<br />

do Português Mo<strong>de</strong>rno, os autores <strong>de</strong>finem uma utilização temporal do FP <strong>de</strong> acordo com<br />

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