11.12.2012 Views

Helena Margarida Guerra de Oliveira Rodeiro A expressão da ...

Helena Margarida Guerra de Oliveira Rodeiro A expressão da ...

Helena Margarida Guerra de Oliveira Rodeiro A expressão da ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Análise semântico-temporal dos tempos verbais do português no discurso indirecto<br />

por um lado, uma vertente sintáctico-semântica, uma vez que é um modo que se emprega<br />

essencialmente em contextos <strong>de</strong> subordinação e tendo em conta <strong>de</strong>terminados recursos<br />

gramaticais, e uma vertente discursivo-pragmática que o relaciona com a categoria<br />

abrangente <strong>de</strong> mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong> irrealis, sendo que as duas são indissociáveis, na medi<strong>da</strong> em<br />

que só mediante <strong>de</strong>terminados recursos sintácticos e gramaticais, po<strong>de</strong> o CONJ exprimir<br />

irrealis (Pimpão 1998: 321s). Repare-se, no entanto, que a marca linguística <strong>de</strong> irrealis, a<br />

que estão associa<strong>da</strong>s diferentes mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong>s, não se circunscreve ao modo verbal utilizado<br />

no enunciado, pelo que será o contexto o responsável pela sua construção. No entanto, o<br />

CONJ assume-se como o elemento central na tradução <strong>da</strong> categoria <strong>de</strong> irrealis, por dois<br />

motivos essenciais: o Conjuntivo ocorre numa série <strong>de</strong> contextos não factuais e, como tal,<br />

com elevado grau <strong>de</strong> não referenciali<strong>da</strong><strong>de</strong>, e pelo seu espectro semântico altamente<br />

abrangente (Santos 2003: 420s; Pimpão 1998: 324s).<br />

A necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> ter em conta o contexto sintáctico-semântico em que ocorrem as<br />

formas verbais do CONJ torna-se evi<strong>de</strong>nte quando o seu emprego é analisado tendo em<br />

conta o tipo <strong>de</strong> oração subordina<strong>da</strong> em que se insere. Na ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, o CONJ po<strong>de</strong> ocorrer em<br />

orações completivas, relativas, condicionais, temporais, concessivas e finais, po<strong>de</strong>ndo o<br />

seu emprego ser obrigatório ou opcional, o que permite nestes casos estabelecer contrastes<br />

semânticos com o IND. Este é, aliás, um argumento importante a aduzir no sentido <strong>de</strong><br />

consi<strong>de</strong>rar que as formas do CONJ não são <strong>de</strong>sprovi<strong>da</strong>s <strong>de</strong> conteúdo semântico. 25 A este<br />

propósito, Santos (2003) esquematiza <strong>da</strong> seguinte forma a correlação mo<strong>da</strong>l entre IND e<br />

CONJ:<br />

(Santos 2003: 276)<br />

Ain<strong>da</strong> relativamente ao contraste entre IND e CONJ é importante ressalvar que não<br />

há uma correspondência unívoca entre os dois modos no que respeita distinções mo<strong>da</strong>is, ou<br />

25 A utilização do CONJ e do IND parece processar-se em termos <strong>de</strong> oposição semântico-pragmática, para<br />

além <strong>de</strong> um perspectiva sintáctica potencia<strong>da</strong> pelos monemas que <strong>de</strong>terminam o “conjuntivo” acrescidos <strong>da</strong><br />

<strong>de</strong>terminação sintáctica inerente às mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong>s “ (…) o conjuntivo só se i<strong>de</strong>ntifica porque uma <strong>da</strong><strong>da</strong> forma,<br />

num <strong>da</strong>do contexto, não tem o mesmo valor <strong>da</strong> forma <strong>de</strong> “indicativo”. Ou seja, a sua localização exacta<br />

torna-se impossível, <strong>da</strong>do o fenómeno <strong>de</strong> amálgama, mas sabe-se pelo menos que o seu significado existe, e,<br />

além disso, que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma escolha do falante, escolha com consequências na forma como se processa a<br />

comunicação <strong>da</strong>s mensagens” (Santos 2003: 327)<br />

113

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!