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Helena Margarida Guerra de Oliveira Rodeiro A expressão da ...

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A expressão <strong>da</strong> temporali<strong>da</strong><strong>de</strong> em discurso indirecto em português e alemão: uma análise<br />

contrastiva num corpus jornalístico<br />

ficam <strong>de</strong>s<strong>de</strong> logo claras duas conclusões que nos parecem essenciais e que são <strong>de</strong>correntes<br />

uma <strong>da</strong> outra: a primeira é <strong>de</strong> que os tempos verbais necessitam <strong>de</strong> estabelecer relações<br />

contextuais, ou seja, qualquer forma verbal justifica e é simultaneamente justifica<strong>da</strong> pelas<br />

uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s que a envolvem; a segun<strong>da</strong> conclusão aponta para o facto <strong>de</strong> que os tempos<br />

verbais necessitam <strong>de</strong> outros elementos com que possam co-ocorrer para po<strong>de</strong>rem exprimir<br />

temporali<strong>da</strong><strong>de</strong> contextualmente actualiza<strong>da</strong>, ou seja, adverbiais <strong>de</strong> tempo, a natureza dos<br />

complementos, as conjunções entre muitos outros contribuem para configurar<br />

especificações ou alterações semânticas a uma base constante <strong>de</strong> significação <strong>da</strong> forma, o<br />

que nos permite compreen<strong>de</strong>r que não só os tempos verbais exprimem temporali<strong>da</strong><strong>de</strong> e que<br />

há dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s evi<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> <strong>de</strong>limitação semântica <strong>da</strong>s formas, após a integração<br />

contextual.<br />

128<br />

Pu<strong>de</strong>mos, igualmente, perceber que na forma <strong>de</strong> citação em estilo indirecto há, dois<br />

momentos discursivos a consi<strong>de</strong>rar, “o acto discursivo <strong>de</strong> citação e acto discursivo citado<br />

original” (Loureiro 1997: Anexo 1), o que pressupõe a existência <strong>de</strong> dois MEs. O acto<br />

discursivo <strong>de</strong> citação encerra dois elementos indissociáveis: o discurso citador e o discurso<br />

citado. Assim, verificamos que se estabelece uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> relações semântico-temporais<br />

que são consequência <strong>da</strong> relação entre os dois MEs em causa. Decorre que a temporali<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

expressa no discurso citador e, consequentemente o tempo verbal utilizado são, por norma,<br />

directamente justificados e ancorados a ME do acto discursivo <strong>de</strong> citação e remetem para o<br />

acto discursivo original, localizando-o face a este. Assim, a escolha <strong>de</strong> um <strong>da</strong>do tempo<br />

verbal e <strong>de</strong> eventuais elementos que o actualizam contextualmente resultam do tipo <strong>de</strong><br />

informação temporal, mo<strong>da</strong>l ou aspectual que o jornalista preten<strong>de</strong> fornecer ao leitor<br />

relativamente à ocorrência <strong>de</strong> um momento enunciativo que, pela lógica, será sempre<br />

anterior ao que cita. O discurso citado e o comportamento <strong>da</strong>s formas verbais que nele<br />

ocorrem <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m contextualmente, em gran<strong>de</strong> medi<strong>da</strong>, <strong>da</strong> informação temporal conti<strong>da</strong><br />

na expressão introdutória, sendo que por vezes várias combinatórias são possíveis, mas<br />

mais uma vez o jornalista <strong>de</strong>tém a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> interpretar e re-contextualizar um acto<br />

discursivo <strong>da</strong> autoria <strong>de</strong> outrem, num momento enunciativo <strong>da</strong> sua responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong>. Esta<br />

maleabili<strong>da</strong><strong>de</strong> e liber<strong>da</strong><strong>de</strong> discursiva tornam, por isso, quase impossível recuperar o<br />

momento discursivo original e dificultam, muitas vezes, possíveis conclusões quanto ao<br />

tempo verbal utilizado pelo LOC no acto discursivo original.

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