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Helena Margarida Guerra de Oliveira Rodeiro A expressão da ...

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Análise semântico-temporal dos tempos verbais do português no discurso indirecto<br />

o ponto <strong>de</strong> referência único para interpretação <strong>de</strong> um tempo verbal foi, primeiramente,<br />

postula<strong>da</strong> por Reichenbach (1966) ao <strong>de</strong>finir para os tempos verbais do Inglês uma<br />

interpretação basea<strong>da</strong> na relação <strong>de</strong> ME com um outro momento (<strong>de</strong>signado por ponto <strong>de</strong><br />

referência e que é contextual) e a relação entre este e o MS. A teoria <strong>de</strong> Reichenbach foi<br />

sendo sucessivamente interpreta<strong>da</strong>, a<strong>da</strong>pta<strong>da</strong> e reformula<strong>da</strong> nas diversas línguas e tornou-se<br />

importante na medi<strong>da</strong> em que introduziu novos <strong>da</strong>dos na análise e interpretação verbal, uma<br />

vez que a par <strong>da</strong> perspectiva temporal <strong>de</strong> presente, passado e futuro surge uma localização<br />

relativa contextual <strong>de</strong> anteriori<strong>da</strong><strong>de</strong>, simultanei<strong>da</strong><strong>de</strong> e posteriori<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

Eugénio Corseriu (1976) estabelece no seu estudo Das romanische Verbalsystem um<br />

enquadramento teórico para análise dos tempos verbais do português que assenta na divisão<br />

convencional, passado, presente futuro e numa outra complementar que o autor <strong>de</strong>signa <strong>de</strong><br />

“aktuell”/ “inaktuell”. Assim, <strong>de</strong>fine que as formas do PPS, PRInd e FS pertencem à<br />

perspectiva “aktuell” porque têm como ponto <strong>de</strong> ancoragem ME, enquanto que o PMPS, o<br />

PImp e o COND remetem para uma perspectiva “inaktuell”, na medi<strong>da</strong> em que precisam <strong>de</strong><br />

outro ponto <strong>de</strong> referência para além <strong>de</strong> ME. Peres (1995) propõe, para o PImp, uma<br />

interpretação assente em dois parâmetros – perspectiva temporal e localização relativa –<br />

consi<strong>de</strong>rando que este tempo verbal é, quanto ao primeiro critério, passado [pass], e quanto<br />

ao segundo, sobreposto [sobr]. Assim, e seguindo, igualmente, as propostas <strong>de</strong> Peres,<br />

Carecho (2003) interpreta <strong>de</strong>sta forma, o PImp, contrastando-o com o PPS:<br />

A situação referi<strong>da</strong> pelo verbo é assim localiza<strong>da</strong> pelo Pretérito Perfeito num intervalo<br />

anterior a um ‘ponto <strong>de</strong> perspectiva temporal’ presente e pelo Pretérito Imperfeito em<br />

sobreposição a um ‘ponto <strong>de</strong> perspectiva temporal’ passado. (Carecho 2003: 69)<br />

Estas propostas <strong>de</strong> análise dos tempos verbais remetem para uma concepção mais<br />

complexa <strong>da</strong> temporali<strong>da</strong><strong>de</strong>, que já não assenta somente nas perspectivas <strong>de</strong> ‘passado,<br />

presente, futuro’ relativamente a ME como ponto único <strong>de</strong> ancoragem e perspectiva<br />

temporal, permitindo também uma análise contextual <strong>de</strong> anteriori<strong>da</strong><strong>de</strong>, posteriori<strong>da</strong><strong>de</strong> e<br />

simultanei<strong>da</strong><strong>de</strong>. Assim, surge a este propósito a <strong>de</strong>signação <strong>de</strong> tempos absolutos e<br />

anafóricos, sendo que os primeiros remetem para um tempo <strong>da</strong> situação que necessita<br />

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