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Helena Margarida Guerra de Oliveira Rodeiro A expressão da ...

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A expressão <strong>da</strong> temporali<strong>da</strong><strong>de</strong> em discurso indirecto em português e alemão: uma análise<br />

contrastiva num corpus jornalístico<br />

unicamente do ME, enquanto que os segundos necessitam <strong>da</strong> perspectiva <strong>de</strong> ME e <strong>de</strong> uma<br />

outra forneci<strong>da</strong> contextualmente. 22<br />

76<br />

Retomando a análise e interpretação do PImp, parece-nos que este é indissociável <strong>de</strong><br />

uma interpretação retrospectiva face a ME, assumindo também uma perspectiva <strong>de</strong><br />

simultanei<strong>da</strong><strong>de</strong> face a um momento passado relativamente a ME. No entanto, a gran<strong>de</strong><br />

maleabili<strong>da</strong><strong>de</strong> semântica que a forma assume pren<strong>de</strong>-se com o facto <strong>de</strong> assumir “uma<br />

perspectiva retrospectiva não circunscrita relativamente ao ponto <strong>de</strong> referência natural, que<br />

é o momento <strong>da</strong> enunciação” (Loureiro 1997:76), ou seja, o PImp não <strong>de</strong>nota uma<br />

necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> ancoragem face a ME, pelo que a sua relativi<strong>da</strong><strong>de</strong> contextual é, muitas vezes<br />

justifica<strong>da</strong> pela marcação <strong>de</strong> um outro ponto <strong>de</strong> referência, que não ME. Mateus (2003) e<br />

Loureiro (1997) fazem, igualmente notar as potenciali<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> forma não <strong>de</strong>limita<strong>da</strong> à<br />

esfera <strong>de</strong> passado, face a ME, permitindo uma projecção para um futuro, ocorrendo com<br />

pontos <strong>de</strong> perspectiva temporal que são posteriores a ME, através do uso <strong>de</strong> orações<br />

condicionais e <strong>de</strong> advérbios <strong>de</strong> tempo como amanhã. No entanto, o PImp po<strong>de</strong>, igualmente,<br />

remeter para intervalos <strong>de</strong> tempo <strong>de</strong>limitados face a ME, ou seja, falamos <strong>de</strong> ocorrências em<br />

que o PImp se refere a momentos <strong>de</strong>limitados contextualmente “que se circunscrevem a um<br />

espaço perfeitamente i<strong>de</strong>ntificado e limitado no tempo pelo contexto, ou ain<strong>da</strong> a situações<br />

que têm como limite posterior um marco contextualmente indicado ou pressuposto ou até o<br />

próprio momento <strong>da</strong> enunciação (Loureiro 1997: 66). Nesse sentido, o PImp parece permitir<br />

uma extensão não <strong>de</strong>limita<strong>da</strong> dos intervalos <strong>de</strong> tempo, permitindo uma aproximação face a<br />

ME, pois possibilita expressar uma i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> continui<strong>da</strong><strong>de</strong> que, no entanto, não é <strong>de</strong> todo<br />

explícita:<br />

O que parece ficar circunscrito na esfera do passado em <strong>de</strong>terminados usos do IMP é a<br />

relativa coincidência, ou outra, que contextualmente se <strong>de</strong>senha entre os factos<br />

apresentados e um qualquer marco referencial indicado contextualmente, não ficando<br />

explícita a relação entre a extensão total e o ME. (Loureiro 1997: 67)<br />

Uma outra interpretação do valor temporal do PImp pren<strong>de</strong>-se com o facto <strong>de</strong> este<br />

po<strong>de</strong>r assumir um valor enunciativo face a ME, sendo por isso, coinci<strong>de</strong>nte com este ponto<br />

22 Bento José <strong>de</strong> <strong>Oliveira</strong> na Nova Grammática (1880) <strong>de</strong>fine a seguinte divisão dos tempos verbais tendo em<br />

conta a dicotomia tempos absolutos e relativos: tempos absolutos – presente, pretérito perfeito e futuro<br />

imperfeito; tempos relativos – pretérito imperfeito; pretérito mais que perfeito, e futuro perfeito,<br />

<strong>de</strong>monstrando que esta proposta <strong>de</strong> análise <strong>da</strong> temporali<strong>da</strong><strong>de</strong> é já bastante antiga. (cf. <strong>Oliveira</strong> 1880: 36-37 e<br />

68-69)

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