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Helena Margarida Guerra de Oliveira Rodeiro A expressão da ...

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Análise semântico-temporal dos tempos verbais do português no discurso indirecto<br />

Cunha & Cintra (1997) <strong>de</strong>finem, como já vimos anteriormente, uma divisão<br />

triparti<strong>da</strong> do tempo cronológico apresentando para as esferas do passado, presente e futuro<br />

os tempos verbais que po<strong>de</strong>rão remeter para ca<strong>da</strong> um <strong>de</strong>les. No entanto, constatámos, não<br />

só através <strong>da</strong> bibliografia, como do corpus, que a forma do FS ain<strong>da</strong> que coinci<strong>de</strong>nte com a<br />

arqui-<strong>de</strong>signação futuro, é um tempo utilizado em situações restritas, não sendo muitas<br />

vezes capaz <strong>de</strong> transmitir a informação temporal <strong>de</strong> futuri<strong>da</strong><strong>de</strong>, sendo por isso, substituído<br />

por algumas <strong>da</strong>s alternativas menciona<strong>da</strong>s no parágrafo anterior.<br />

Os mesmos autores supra-mencionados <strong>de</strong>finem as seguintes utilizações do FS:<br />

indicar factos certos ou prováveis, posteriores ao momento em que se fala; exprimir<br />

incerteza (probabili<strong>da</strong><strong>de</strong>, dúvi<strong>da</strong>, suposição) sobre os factos actuais. Para além <strong>de</strong>stes<br />

valores semântico-temporais, o FS po<strong>de</strong> remeter para uma forma poli<strong>da</strong> <strong>de</strong> presente; po<strong>de</strong><br />

exprimir uma súplica, um <strong>de</strong>sejo, uma or<strong>de</strong>m; nas afirmações condiciona<strong>da</strong>s, refere-se a<br />

factos <strong>de</strong> realização provável. Na sequência, os autores dão conta <strong>de</strong> meios linguísticos<br />

substitutos do FS, referindo três construções analíticas com os verbos auxiliares haver / ter<br />

/ ir no PRInd seguidos <strong>de</strong> INF. (Cunha & Cintra 1997: 457s).<br />

Said Ali (1964) consi<strong>de</strong>ra que o FS tem dois tipos <strong>de</strong> aplicação, <strong>de</strong>signa<strong>da</strong>mente,<br />

uma principal <strong>de</strong> “futuro propriamente dito, <strong>de</strong>notador <strong>de</strong> atos realmente vindouros”, <strong>de</strong><br />

“carácter narrativo, profético ou anunciativo”, e as aplicações secundárias <strong>de</strong> “futuro<br />

compulsivo”, que tem uma função imperativa, “futuro problemático” que exprime valores<br />

<strong>de</strong> incerteza e “asserções condiciona<strong>da</strong>s”, que <strong>de</strong>signam estados <strong>de</strong> coisas que julgamos <strong>de</strong><br />

realização possível, sendo que esta três últimas <strong>de</strong>signações remetem para o valor mo<strong>da</strong>l <strong>da</strong><br />

forma do FS. (Said Ali 1964: 317s).<br />

As duas perspectivas apresenta<strong>da</strong>s, nomea<strong>da</strong>mente a primeira “<strong>de</strong> futuro<br />

propriamente dito”, <strong>de</strong>notam alguns problemas porque o FS exprime futuri<strong>da</strong><strong>de</strong> mas esta é<br />

indissociável na vertente mo<strong>da</strong>l ou, quando muito, numa temporali<strong>da</strong><strong>de</strong> mo<strong>da</strong>liza<strong>da</strong>.<br />

Acresce que o FS é claramente <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do PRInd estabelecendo com este uma forte<br />

conexão, não só pelo facto <strong>de</strong> haver uma relação <strong>de</strong> coincidência semântica entre FS e as<br />

formas analíticas <strong>de</strong>scritas, em que o auxiliar se encontra no PRInd, mas também, porque<br />

em termos semânticos e contextuais o futuro é sempre posterior a um presente, sendo<br />

potenciado ou <strong>de</strong>limitado pelo contexto situacional <strong>de</strong> ME em termos latos:<br />

De facto, o Fut., se encararmos o tempo linearmente, é o tempo posterior ao presente, muito<br />

provavelmente o presente <strong>da</strong> enunciação, o que nos faz supor que há sempre uma certa<br />

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