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Helena Margarida Guerra de Oliveira Rodeiro A expressão da ...

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A expressão <strong>da</strong> temporali<strong>da</strong><strong>de</strong> no discurso indirecto em português e alemão: uma análise<br />

contrastiva num corpus jornalístico<br />

12<br />

Susanne Günthner (2000) estipula, no seu artigo “Zwischen direkter und indirekter<br />

Re<strong>de</strong>”, que o discurso directo e o discurso indirecto são as duas formas centrais do RW,<br />

consi<strong>de</strong>rando que, na comunicação quotidiana (este artigo centra-se, essencialmente, na<br />

transposição discursiva oral), surgem uma série <strong>de</strong> formas híbri<strong>da</strong>s (que, como veremos,<br />

também surgem na escrita, e com especial incidência no texto jornalístico) que formam<br />

um continuum - perspectiva <strong>de</strong>fendi<strong>da</strong> também por Leech (1991 b ), Graciela Reys (1993) e<br />

Cathrine Fabricius-Hansen (2004) - entre os dois estilos <strong>de</strong> citação. Esta última autora<br />

<strong>de</strong>strinça entre “direkte Re<strong>de</strong>wie<strong>de</strong>rgabe” e “nicht-direkte Re<strong>de</strong>wie<strong>de</strong>rgabe” ( Fabricius-<br />

Hansen 2004: 120s).<br />

A revisão <strong>da</strong> bibliografia permitiu-nos, no entanto, analisar o artigo <strong>de</strong> Thierry<br />

Gallèpe, inserido na colectânea <strong>de</strong> artigos científicos supra menciona<strong>da</strong> e <strong>da</strong>ta<strong>da</strong> <strong>de</strong> 2002,<br />

e que levanta algumas questões relativamente ao conceito <strong>de</strong> “Re<strong>de</strong>wie<strong>de</strong>rgabe”. No seu<br />

estudo, Gallèpe <strong>de</strong>compõe a palavra e centra-se, inicialmente, no termo “Wie<strong>de</strong>rgabe”,<br />

que consi<strong>de</strong>ra não ser a<strong>de</strong>quado a textos ficcionais, uma vez que em termos reais não<br />

po<strong>de</strong>mos falar <strong>de</strong> uma enunciação original que é transposta, ou seja, não há uma situação<br />

comunicativa anterior real. No que concerne ao primeiro elemento do composto - “Re<strong>de</strong>” -<br />

, o autor consi<strong>de</strong>ra que a sua utilização é <strong>de</strong>masiado abrangente, uma vez que é tomado no<br />

sentido <strong>da</strong> <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> Weinrich “Re<strong>de</strong> […] umfaβt nicht nur lautsprachliche<br />

Äuβerungen, son<strong>de</strong>rn auch Bewuβtseinsinhalte aller Art.” (Weinrich 1993: 895). Nesse<br />

sentido, o autor <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> ser necessário fazer a distinção entre a transposição <strong>de</strong> discurso e<br />

<strong>de</strong> pensamento: “Re<strong>de</strong>n, Äuβerungen sollten <strong>de</strong>mzufolge von <strong>de</strong>n Ge<strong>da</strong>nken,<br />

Wahrnehmungen abgeson<strong>de</strong>rt wer<strong>de</strong>n.” (Gallèpe 2002: 59). Sugere, por isso, a<br />

etiquetagem “Darstellung <strong>de</strong>s Sagens” – “representação do que é dito”, que <strong>de</strong>ve entrar em<br />

linha <strong>de</strong> conta com os parâmetros: “Re<strong>de</strong><strong>da</strong>rstellung”, a qual remete para a transposição<br />

discursiva na orali<strong>da</strong><strong>de</strong> e na escrita, e “Di<strong>da</strong>skalien”, que se refere aos elementos textuais<br />

que servem a representação <strong>de</strong> enunciados discursivos no nível <strong>de</strong> comunicação profundo<br />

(que o autor consi<strong>de</strong>ra ser a diegese <strong>de</strong> uma narrativa). De facto, o estudo em questão, <strong>de</strong><br />

acordo com os pressupostos teóricos, bem como os exemplos fornecidos, remete mais<br />

especificamente para a <strong>de</strong>finição do composto RW, tendo em conta a esfera literária<br />

ficcional. Relativamente ao nosso trabalho investigativo, que se pren<strong>de</strong> com a análise <strong>da</strong><br />

expressão <strong>da</strong> temporali<strong>da</strong><strong>de</strong> na transposição discursiva em estilo indirecto, num corpus<br />

retirado <strong>da</strong> imprensa portuguesa e alemã, a primeira questão que Gallèpe levanta

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