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Helena Margarida Guerra de Oliveira Rodeiro A expressão da ...

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Análise semântico-temporal dos tempos verbais do português no discurso indirecto<br />

habitualmente se encontra expresso no quadro <strong>de</strong> uma frase ou texto, mas que também se<br />

po<strong>de</strong> reconstruir ou inferir” (Mateus et alli. 2003: 161). Nesse sentido, o seu emprego e<br />

interpretação são altamente <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes <strong>da</strong>s relações estabeleci<strong>da</strong>s contextualmente. O<br />

PMPC levanta, no entanto, algumas questões que nos parecem fun<strong>da</strong>mentais abor<strong>da</strong>r,<br />

<strong>de</strong>signa<strong>da</strong>mente o facto <strong>de</strong> se consi<strong>de</strong>rar que existe uma coincidência semântica entre as<br />

formas do PMPS e PMPC, ou seja, ambos parecem configurar uma perspectiva<br />

retrospectiva <strong>de</strong>vi<strong>da</strong>mente <strong>de</strong>limita<strong>da</strong> temporalmente, tendo como MR um ponto passado,<br />

que no universo do discurso indirecto, é configurado pelo ME original <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do ME<br />

que cita, sem que nos pareça importante a proximi<strong>da</strong><strong>de</strong> relativa face ao ponto <strong>de</strong> referência<br />

consi<strong>de</strong>rado. Efectivamente, Cunha & Cintra (1997) enquadram as formas simples e<br />

compostas sob a arqui-<strong>de</strong>signação <strong>de</strong> Pretérito mais-que-perfeito e consi<strong>de</strong>ram ser a<br />

mesma interpretação semântico-temporal váli<strong>da</strong> para ambas: “uma acção que ocorreu antes<br />

<strong>de</strong> outra acção já passa<strong>da</strong>”. Said Ali (1964) remete, também, para a sinonímia semântico-<br />

tempral entre as duas formas: “Embora tinha cantado seja o imperfeito quanto à forma, a<br />

sua significação <strong>de</strong> ato perfeitamente realizado é idêntica à do PMPS, tinha cantado torna-<br />

se equivalente <strong>de</strong> cantara” (Said Ali 1964: 73). Maria Graça Carpinteiro no artigo<br />

“Aspectos do mais-que-perfeito do indicativo em português mo<strong>de</strong>rno” (1961), em que<br />

consi<strong>de</strong>ra como universo <strong>de</strong> análise a obra literária Os Maias, aponta para o facto <strong>de</strong> a<br />

forma composta po<strong>de</strong>r, em comparação com a forma simples, transmitir uma noção <strong>de</strong><br />

continuação temporal mais acentua<strong>da</strong> “…” que, no entanto, como veremos, não nos parece<br />

ser significativa ou mesmo <strong>de</strong>monstra<strong>da</strong> pelos exemplos do corpus que analisámos. Assim,<br />

e tal como Loureiro (1997) faz notar diremos que o paralelismo <strong>da</strong> produtivi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

semântica <strong>da</strong>s duas formas advém do valor semântico-temporal que ambas configuram: “O<br />

emprego temporal ramificado <strong>da</strong> forma, <strong>da</strong>ndo conta <strong>de</strong> um passado anterior a outro<br />

passado, é, sem dúvi<strong>da</strong>, aquele que se reveste <strong>de</strong> maior importância, pela sua frequência e<br />

pelo espaço que permite preencher na simetria do quadro” (Loureiro 1997: 113). Curioso é<br />

o facto <strong>de</strong> Mateus et alii. (2003) não abor<strong>da</strong>rem, na Gramática <strong>da</strong> Língua Portuguesa a<br />

forma simples, remetendo, unicamente, para a forma composta, o que po<strong>de</strong> ser um <strong>da</strong>do a<br />

favor <strong>da</strong> noção <strong>de</strong> que a forma composta, tem vindo gradualmente a substituir a forma<br />

simples. Acresce que o nosso corpus aponta, igualmente, para uma discrepância <strong>de</strong><br />

produtivi<strong>da</strong><strong>de</strong> entre ambas, que <strong>de</strong>verá ser naturalmente relativiza<strong>da</strong>, até pelo número<br />

reduzido <strong>de</strong> ocorrências que nos serve <strong>de</strong> universo. Por outro lado, Loureiro (1997) refere,<br />

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