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Helena Margarida Guerra de Oliveira Rodeiro A expressão da ...

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Análise semântico-temporal dos tempos verbais do português no discurso indirecto<br />

verbal. O último exemplo por nós escolhido (86) remete para uma outra cristalização<br />

discursiva, que não aponta um enunciador concreto, mas antes para um sujeito<br />

in<strong>de</strong>terminado <strong>de</strong> referência arbitrária, sendo que os adverbiais <strong>de</strong> tempo e duração<br />

reiteram a leitura <strong>de</strong> permanência que inclui ME num sentido mais lato.<br />

Po<strong>de</strong>mos, assim, concluir que a utilização do PRInd na oração subordinante po<strong>de</strong><br />

ter um propósito estilístico, na tentativa <strong>de</strong> conferir vivaci<strong>da</strong><strong>de</strong> e autentici<strong>da</strong><strong>de</strong> ao discurso,<br />

reportando-se a um acto discursivo prévio. Trata-se <strong>de</strong> uma variante do presente histórico,<br />

po<strong>de</strong>ndo, na maior parte dos casos ser utilizado PPS nos mesmos contextos em que nos<br />

referimos a um acto enunciativo proferido antes <strong>de</strong> ME actual e cuja vali<strong>da</strong><strong>de</strong> é passa<strong>da</strong>. A<br />

utilização do PRInd verifica-se também quando existe referência a um acto discursivo<br />

passado mas cuja vali<strong>da</strong><strong>de</strong> tem uma leitura <strong>de</strong> permanência ou actuali<strong>da</strong><strong>de</strong> que inclui ME<br />

actual num sentido lato. Por outro lado, surgem algumas cristalizações associa<strong>da</strong>s não só à<br />

leitura <strong>de</strong> permanência mas, juntamente com esta, à não i<strong>de</strong>ntificação do sujeito ou a<br />

estruturas invariáveis, que permitem a aproximação entre um sentido retrospectivo,<br />

enunciativo e permansivo.<br />

Relativamente à utilização do PRInd na oração subordina<strong>da</strong>, verificámos que esta é<br />

a forma verbal que mais frequentemente ocorre, o que se pren<strong>de</strong>, <strong>de</strong> alguma forma, com a<br />

plurali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> sentidos e interpretações que o tempo verbal potencia em contextos<br />

diversos. Vejamos algumas citações em estilo indirecto que consi<strong>de</strong>ramos exemplificativas<br />

<strong>da</strong> ocorrência do PRInd:<br />

3) Porque, sublinha Bachara, a i<strong>de</strong>nti<strong>da</strong><strong>de</strong> não se forma no Holocausto. – p.3<br />

4) A maior contribuição <strong>de</strong> Wiesenthal “foi sem dúvi<strong>da</strong> a caça aos nazis”, diz Bauer,<br />

mol<strong>da</strong>ndo uma consciência internacional, não em Israel. É certo, diz, que o israelita médio<br />

não o conhece. – p.3<br />

7) Depois <strong>de</strong>, nos últimos anos, diversos tribunais superiores terem anulado escutas<br />

telefónicas em processos crime – (…) -, o Tribunal Constitucional veio agora <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r uma<br />

nova abor<strong>da</strong>gem. Consi<strong>de</strong>raram os juízes, num acórdão <strong>de</strong> 25 <strong>de</strong> Agosto a que o Público<br />

teve acesso, assinado por três magistrados, que não é inconstitucional o entendimento <strong>de</strong><br />

que as escutas telefónicas são váli<strong>da</strong>s mesmo quando não houve prévia audição pessoal do<br />

juiz, mas aquelas foram apenas acompanha<strong>da</strong>s pela leitura dos textos, completos ou em<br />

súmula, apresentados pela Polícia Judiciária. – p. 8<br />

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