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Helena Margarida Guerra de Oliveira Rodeiro A expressão da ...

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Enquadramento Teórico<br />

indirect speech” (Waugh 1995: 129). Quanto à <strong>de</strong>signação utiliza<strong>da</strong> para o francês,<br />

Dominique Maingueneau (1998) consi<strong>de</strong>ra que o termo “discours rapporté” constitui uma<br />

enunciação sobre outra enunciação, pondo em relação dois acontecimentos enunciativos,<br />

em que o objecto <strong>da</strong> enunciação que cita é a enunciação cita<strong>da</strong> (Maingueneau 1998: 117).<br />

Em português, parece-nos que a <strong>de</strong>signação discurso transposto (DT) é aquela que<br />

melhor serve o propósito <strong>de</strong> se assumir como hiperónimo, abrangendo as formas <strong>de</strong><br />

citação directa e indirecta. Este conceito justifica-se pelo facto <strong>de</strong> ambas as formas <strong>de</strong><br />

citação, apesar <strong>de</strong> assumirem configurações distintas, em que o primeiro surge como<br />

reconstrução e o segundo como paráfrase <strong>de</strong> uma enunciação anterior, implicarem sempre<br />

uma alteração inevitável do contexto original, que é sempre irrecuperável e irrepetível, ou<br />

seja, ambas as formas <strong>de</strong> citação implicam a transposição <strong>de</strong> uma enunciação, do acto <strong>de</strong><br />

comunicação verbal que a enquadra, para um novo momento enunciativo que, em última<br />

análise, é sempre <strong>da</strong> responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> um novo LOC (Reyes 1993: 24 e Pérennec 2002:<br />

42).<br />

Relativamente à língua alemã, assumimos como <strong>de</strong>signação aglutinadora, o termo<br />

“Re<strong>de</strong>wie<strong>de</strong>rgabe” (RW) – “transposição discursiva”, em torno do qual surge unici<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

consi<strong>de</strong>rável, tendo em conta as leituras realiza<strong>da</strong>s - Fabricius-Hansen (1999), Günthner<br />

(2000) e Zifonun et alii. (1997). Para além <strong>de</strong>stes autores <strong>de</strong> referência, Daniel Baudot<br />

organizou e compilou uma série <strong>de</strong> estudos a que atribui o título genérico <strong>de</strong><br />

Re<strong>de</strong>wie<strong>de</strong>rgabe, Re<strong>de</strong>erwähnungen: Formen und Funktionen <strong>de</strong>s Zitierens und<br />

Reformulierens im Text (2002), exemplicativo <strong>da</strong> abrangência do conceito em análise.<br />

Zifonun et alii. (1997) <strong>de</strong>strinçam entre “direkte Re<strong>de</strong>wie<strong>de</strong>rgabe” e “indirekte<br />

Re<strong>de</strong>wie<strong>de</strong>rgabe”, utilizando as etiquetagens “Direktheit/Direktsheitskontexte” e<br />

“Indirektheit/Indirektheitskontexte” como sendo sinónimas dos primeiros sintagmas<br />

referidos. Assumimos que, para o português, os sintagmas equivalentes são “discurso<br />

transposto ou transposição discursiva em estilo directo”/ “discurso transposto ou<br />

transposição discursiva em estilo indirecto”.<br />

Pérennec (2002) inicia <strong>da</strong> seguinte forma a <strong>de</strong>finição pragmática do conceito<br />

“Re<strong>de</strong>wie<strong>de</strong>rgabe”: “Die Worte eines an<strong>de</strong>ren Sprechers wie<strong>de</strong>r aufnehmen und<br />

vermitteln, ist eine <strong>de</strong>r geläusfigsten Sprachhandlungen”. (Pérennec 2002: 42), remetendo<br />

para o processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>scontextualização e subsequente recontextualização subjacente ao<br />

discurso transposto nas suas formas <strong>de</strong> citação.<br />

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